A cultura de segurança e qualidade de produção da Boeing (BA; BOEI34), ambas no centro de uma crise generalizada após um painel descolar durante um voo em janeiro, foram examinadas de perto nesta quarta-feira em duas audiências do Senado dos EUA.
A Boeing está passando por uma crise de segurança após uma porta tampão se desprender de um voo da Alaska Airlines que decolou de Portland, no Oregon, em 5 de janeiro.
A fabricante de aviões passou por uma reformulação administrativa, reguladores dos EUA impuseram restrições à produção, e as entregas caíram pela metade em março.
Depoimentos no subcomitê permanente de investigações do Senado dos EUA levantaram questões sobre a ausência de registros sobre o painel, além de preocupações com dois outros jatos de fuselagem larga da Boeing.
O ex-engenheiro da Boeing, Ed Pierson, disse que entregou registros, enviados a ele por um delator interno, ao FBI. Os registros, segundo ele, forneciam informações sobre a porta tampão.
A Boeing afirmou que acreditava que os documentos detalhando a remoção da porta tampão nunca foram criados.
O Conselho Nacional de Segurança de Transportes não estava disponível para comentários em um primeiro momento.
O FBI se recusou a comentar.
O delator Sam Salehpour, engenheiro de qualidade da Boeing que levantou questões sobre dois aviões de fuselagem larga da fabricante, alegou que lhe foi dito para ficar “calado” quando ele destacou preocupações de segurança.
Ele disse que foi removido do programa 787 e transferido para o jato 777 por causa de suas perguntas.
Salehpour alegou que a Boeing falhou em usar um pequeno pedaço de material para preencher pequenas lacunas em um produto fabricado, uma omissão que pode causar fadiga prematura ao longo do tempo em algumas áreas do Boeing 787 Dreamliner.
Salehpour disse que entrou em contato com a autoridade da Boeing, Lisa Fahl, mas não recebeu dados específicos de segurança.
Fahl havia dito que o 787, lançado em 2004, tinha uma especificação de uma lacuna de cinco milésimos de polegadas em uma área de cinco polegadas, ou “a espessura de um fio de cabelo humano”.
“Quando você está operando a 10.000 metros de altura”, o tamanho de um fio de cabelo humano pode ser uma questão de vida ou morte, afirmou Salehpour, na audiência.
A Boeing questionou as alegações de Salehpour em relação ao 787 e ao 777, que voa internacionalmente, argumentando nesta segunda-feira que não encontrou rachaduras de fadiga em quase 700 jatos Dreamliner em serviço que passaram por uma pesada manutenção.
Em um comunicado na quarta-feira, a Boeing defendeu a segurança dos aviões, mencionando que a frota global do 787 transportou com segurança mais de 850 milhões de passageiros, enquanto o 777 voou com segurança mais de 3,9 bilhões de viajantes.
A Administração de Aviação Federal dos EUA (FAA) disse em um comunicado que todos os aviões no ar estão de acordo com as diretrizes de aeronavegabilidade do órgão regulador.