O custo de produção de hidrogênio verde no Brasil pode cair até pela metade em determinadas localidades do país com otimizações técnicas dos projetos e caso o governo conceda incentivos fiscais e regulatórios à indústria, segundo cálculos da Clean Energy Latin America (CELA).
A CELA, que presta consultoria e assessoria financeira no setor de energia renovável, divulgou nesta quinta-feira a primeira edição do LCOH Brasil, índice que mede o custo de produção de hidrogênio verde considerando dados de investimento em plantas, operação e custo de capital em diferentes Estados.
De acordo com o índice, já é possível produzir hidrogênio verde no Brasil com custo nivelado entre 2,87 dólares/kg e 3,56 dólares/kg em algumas localidades consideradas estratégicas e não reveladas no levantamento.
Esses valores podem cair significativamente, chegando à faixa de 1,69 a 1,86 dólar/kg, com otimizações de ordem técnica e operacional, redução do custo de investimentos nos projetos (Capex), concessão de incentivos fiscais e custos melhores de financiamento, estimou a CELA.
Em um dos Estados estudados, o custo nesse cenário passaria de 3,56 dólares/kg para 1,75 dólar/kg, uma queda de 51%.
Nesse contexto, a produção do novo combustível renovável alcançaria rapidamente custos semelhantes ao do hidrogênio cinza obtido a partir da queima de combustíveis fósseis, como o gás natural, e já amplamente utilizado por indústrias químicas e refinarias.
Com as otimizações, o custo desse mercado no Brasil também ficaria mais próximo do observado em países que largaram na frente na corrida do hidrogênio verde, como os EUA.
Segundo um levantamento da Lazard, o custo nivelado de hidrogênio verde nos EUA varia de 0,5 dólar a 3 dólares/kg, a depender do tipo de tecnologia usada nos eletrolisadores, e já considerando os subsídios da legislação Inflation Reduction Act, de até 3 dólares/kg.
Como mostrou a Reuters, o governo brasileiro ainda não bateu o martelo sobre a possibilidade de conceder incentivos tributários para a produção de hidrogênio verde, uma medida vista como necessária pelo setor produtivo para viabilizar projetos bilionários do combustível renovável e inserir o país na dianteira da corrida mundial da transição energética.
Além dos EUA, a União Europeia e países como Arábia Saudita, Índia, Chile e Colômbia já criaram seus próprios programas para o hidrogênio verde, com injeção de recursos do Estado ou concessão de benefícios fiscais.
Segundo o governo, o Brasil tem cerca de 30 bilhões de dólares em projetos já anunciados de hidrogênio de baixo carbono, que inclui aquele produzido a partir de fontes renováveis de energia e também projetos com fontes fósseis com captura de CO2.
A indústria de hidrogênio verde vem atraindo o interesse de grandes empresas, como Petrobras e Eletrobras, além de outras grandes companhias do setor de energia, que miram o fornecimento do novo combustível para a descarbonização da indústria local, ou para exportação para outros mercados.