A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul do Brasil na temporada 2023/24 foi estimada em recorde de 624,5 milhões de toneladas, de acordo com relatório da consultoria Datagro divulgado nesta quinta-feira, com a principal região produtora do país contando com boas produtividades que também resultarão em uma máxima histórica para a produção de açúcar.
A estimativa supera a anterior de 612,3 milhões de toneladas e também a marca histórica registrada em 2015/16 (623,1 milhões de toneladas), segundo números da Datagro.
A consultoria também projetou a produção de açúcar do centro-sul em recorde de 40,3 milhões de toneladas, ante 39,45 milhões na previsão anterior, com alta de 19,5% contra o ciclo passado, versus maior marca anterior de 2020/21 (38,47 milhões de toneladas), segundo números revisados no dia 5 de setembro e divulgados agora.
“Os ganhos na produtividade agrícola nos canaviais da região centro-sul têm sido expressivos durante a safra 23/24. Fruto das boas condições climáticas, e também dos investimentos em renovação e em tratos culturais…”, explicou a Datagro, em comunicado.
As usinas do centro-sul colhem uma grande safra em época de preços elevados, diante da preocupação com a oferta em países da Ásia. O contrato outubro do açúcar bruto atingiu uma máxima de 12 anos nesta semana, a 27,62 centavos de dólar por libra-peso, na bolsa ICE.
Sobre produtividades, a consultoria citou que, somente em julho, o centro-sul registrou média 98 toneladas de cana por hectare, aumento de 23,4% ante o volume registrado no mesmo mês do ano passado.
Considerando dados preliminares do mês passado, a Datagro disse que no acumulado de abril a agosto a produtividade agrícola atingiu média de 93,5 toneladas/ha, crescimento de 22,8% sobre o mesmo período de 22/23.
“Com tanta cana no campo, a única preocupação das usinas da região tem sido o aproveitamento de tempo para colher e processar, com muitos grupos planejando estender a operações de moagem até a segunda quinzena de dezembro, caso as condições climáticas permaneçam favoráveis”, disse a consultoria.
Conforme a Datagro, apesar do temor de que o El Niño provoque chuvas acima do normal nas principais regiões canavieiras, as condições climáticas têm sido benéficas às atividades de corte e colheita no centro-sul, “permitindo que as usinas quebrem recordes nos índices de moagem”.
Diante dos “sinais de aumento da capacidade de cristalização”, a Datagro também elevou ligeiramente sua estimativa do mix para a produção de açúcar, de 48,5% para 48,6%, versus 45,9% na safra passada, à medida que os preços do adoçante têm apresentado melhor rentabilidade do que o etanol.
A despeito do mix mais açucareiro, disse a Datagro, a estimativa sobre a produção total de etanol foi elevada de 31,73 para 32,3 bilhões de litros, dos quais 6,10 bilhões de litros a partir da indústria de etanol de milho.
O volume estimado representa um aumento de 11,7% em relação ao ciclo anterior, com impulso maior da produção do combustível a partir do milho, com alta anual de 37,6%.
A visão da Datagro coincide com a de outros participantes do mercado. Nesta semana, a empresa de consultoria e gestão de riscos hEDGEpoint Global Markets divulgou relatório em que ressaltou que “o canavial brasileiro não para de surpreender positivamente”, citando as altas produtividades.
Segundo a hEDGEpoint, os números de moagem de cana do centro-sul poderão chegar a 624,8 milhões de toneladas (versus 616 milhões de toneladas na estimativa anterior), com a produção de açúcar somando também um recorde estimado em 40,3 milhões de toneladas.