Muitos leitores continuam nos enviando dúvidas e questões referentes ao mercado de ações. As questões principais continuam sendo as mesmas: como começar a investir na bolsa de valores? Qual o valor ideal para começar? É possível aprender os detalhes do mercado através de simuladores de ações, cursos e palestras? Ninguém melhor que um gestor e profissional de corretora para nos ajudar com essas questões.
Conversei esta semana com Eric Cardoso, Administrador de Empresas, pós-graduado em Mercado Financeiro pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Eric trabalha há mais de 13 anos com Bolsa de Valores, atuando diretamente no atendimento de pessoa física (Home Broker) desde 2003. É o responsável pela implantação do projeto de varejo da Renascença Corretora – RenaTrader.
Eric também foi um dos idealizadores do SimulaTrader, simulador da RenaTrader que se diferencia por oferecer atendimento direto da corretora aos seus participantes, além de funcionar como porta de entrada para os investidors novatos. Além disso, trabalha em projetos educacionais atuando como professor e palestrante desde 2004. Acompanhe nossa conversa abaixo:
Eric, quais são suas expectativas em relação ao mercado de ações no Brasil? A BM&F Bovespa reconhece que a meta de 5 milhões de investidores (pessoas físicas) em 2015 será revista para baixo. O potencial existe, mas o que falta para que o investimento em renda variável se popularize para valer?
Eric Cardoso: O mercado de ações no Brasil tem muito espaço para se desenvolver. Se compararmos a quantidade de investidores que investem em ações no Brasil com o tamanho da população brasileira, conseguimos identificar esse grande potencial de crescimento.
O caminho para o desenvolvimento do mercado de ações é a Educação Financeira. Tanto as corretoras, como a BM&F Bovespa oferecerem cada vez mais conteúdo educacional, cursos e palestras. Com a divulgação de informações, conseguiremos acabar com os mitos de que investimento em ações é algo para grandes investidores ou para profissionais de mercado.
Muitos investidores (especialmente os novatos) estão se perguntando: o que fazer diante de um cenário tão volátil? Percebo que o momento assustou muita gente. O que você pode dizer àqueles que ainda têm dúvidas sobre a decisão de investir ou não em ações?
E.C.: Primeiro ponto é que para se investir em ações, o investidor deve fazer um planejamento e identificar seu perfil. É muito importante ter a visão de que Bolsa de Valores é um investimento de longo prazo. Quando o investidor não se planeja, acaba passando por esses sustos nos momentos de queda.
Para os investidores que ainda tem dúvidas sobre se investem ou não em ações, minha recomendação é que a pessoa estude mais sobre o assunto, procure cursos com profissionais de mercado e, que antes de investir, também utilizem simuladores de Bolsa de Valores, como o SimulaTrader – apesar de o dinheiro investido ser virtual, o aprendizado é real. Se o investidor levar a sério, com certeza encurtará esse aprendizado e conseguirá ter noção das características do investimento em renda variável.
Vemos notícias de analistas acreditando em uma nova queda no curto prazo, mas também informações de outros economistas insinuando chance de alta expressiva. Como nosso leitor deve lidar com o noticiário financeiro?
E.C.: O mercado de ações existe justamente por conta dessas opiniões diferentes: se todos pensassem apenas em comprar ou em vender, não existiria o mercado.
Para o investidor que ainda não investiu em ações, esses momentos de queda forte no preço das ações são ótimas oportunidades de comprar ações de boas empresas por um preço mais baixo. Cabe lembrar que o investidor deve ter um planejamento e deve investir um capital que não tenha compromisso de curto prazo.
Para o investidor que está no mercado de ações, é o momento de ter calma e não tomar nenhuma decisão por impulso. O Brasil vive um bom momento econômico e o momento de instabilidade que o mercado atravessa parece ser estresse temporário.
Definir e respeitar uma estratégia de investimentos em renda variável passa por adquirir conhecimento sobre o mercado, seu funcionamento e possibilidades. Consideramos a educação financeira um passo fundamental neste sentido. Como o investidor deve se preparar? Por onde começar?
E.C.: Primeiro passo, que considero muito importante, é a pessoa fazer um teste de perfil de investidor. Após a identificação desse perfil será possível verificar que tipo de investimento se enquadra e se encaixa com suas características pessoais. Àqueles com maior aversão ao risco devem ter exposição menor à renda variável, por exemplo.
Segundo passo: os interessados devem investir uma parte do seu tempo no aprendizado, que pode ser adquirido tanto on-line como com cursos presenciais. No caso do RenaTrader, oferecemos um canal de Educação Financeira via site, onde temos conteúdo para iniciantes e conteúdo mais completo para pessoas que já tem conhecimento de mercado. Oferecemos também palestras e cursos presenciais gratuitos.
Como terceiro passo, creio ser fundamental o investidor novato simular o investimento em renda variável para se familiarizar com a dinâmica e com os termos técnicos de mercado. São poucas as corretoras que oferecem este serviço, normalmente encontrados em iniciativas da própria BM&F Bovespa ou de grandes portais/veículos de comunicação. Veja o nosso caso: nós oferecemos o SimulaTrader, que se assemelha ao nosso home-broker – o que facilita a migração para o mundo real.
Muitos de nossos leitores também nos questionam sobre o modo de operação da bolsa de valores. Corretagem, emolumentos, ordens de compra e venda, alguns termos ainda são tidos como complicados demais. A criação de um simulador do mercado de ações facilita esse aprendizado?
E.C.: O aspecto do aprendizado é mesmo fundamental, acho interessante você insistir neste ponto. No dia a dia, no contato com os clientes e nos cursos presenciais que realizamos, identificamos uma grande curiosidade sobre como “operar” no mercado, além de uma dificuldade com os termos técnicos e cálculos envolvidos.
A criação do simulador SimulaTrader deu-se justamente para saciar essa curiosidade das pessoas e também mostrar que é simples investir em ações. Um grande diferencial é que nossa equipe de atendimento oferece total suporte para os investidores que utilizam também o simulador.
Assim como vocês, acreditamos na educação financeira. Assim, com essa proximidade conseguimos passar mais segurança para os futuros investidores. Gerar compromisso e confiança na área de finanças pessoais é um grande desafio.
Quais devem ser os passos do investidor que, depois de simular seus investimentos em renda variável, decide que é hora de investir de verdade? Que estratégia adotar? Quanto deve ser a aplicação inicial? Quais devem ser os pontos de mais atenção no começo?
E.C.: Depois de simular, o investidor deve prosseguir com a abertura de conta junto à corretora. A estratégia que será aplicada deve ir de encontro ao perfil desse investidor – já mencionei a importância do perfil: ao fazer o cadastro na corretora, um dos itens obrigatórios deve ser justamente o teste de perfil de investidor.
Quanto ao valor inicial, hoje o mercado de ações é bem acessível. Com um valor inferior a R$ 1.000,00, a pessoa já consegue investir: temos hoje os ETFs – Exchange Traded Funds ou Fundos de Índice (o investidor desta modalidade está comprando uma cesta de ações).
Cito como exemplo o BOVA11, que é o ETF que replica o Índice Ibovespa (o principal indicador de desempenho da Bolsa Brasileira). Ao comprar as cotas desse fundo, a pessoa está investindo ao mesmo tempo em 69 empresas; o interessante desse investimento é a diversificação. Existem outros ETFs também negociados em Bolsa, como ETFs do setor financeiro, setor imobiliário e etc.
Os principais pontos que o investidor deve levar em consideração no inicio são:
- Seguir o seu planejamento;
- Ser fiel à sua estratégia;
- Manter a disciplina, que é fundamental para os investidores não se levarem pelas emoções do mercado;
- Evitar correr riscos elevados.
Eric, muito obrigado pela disponibilidade. Queira, por favor, deixar uma mensagem final aos nossos leitores.
E.C.: A mensagem final é que com Educação Financeira como principal pilar, vamos conseguir popularizar o mercado de renda variável e mostrar para as pessoas que é possível ser sócio das empresas com as quais mantemos contato no nosso dia a dia.
Foto: divulgação.