Muito se fala das diferenças entre homem e mulher no que diz respeito aos cuidados com o dinheiro e o planejamento financeiro. Até que ponto essas diferenças são reais? Será que as características de cada um podem ser consideradas complementares? Como aproveitar o fato de que cada um olha e pensa o dinheiro de forma distinta?
Tive a oportunidade de conversar sobre isso com a Isabela Barros, Jornalista e uma das autoras do excelente site “As Poupadoras”. Isabela é alagoana e trabalha atualmente como editora de um site corporativo. Foi repórter do Jornal do Commercio, no Recife (PE), e das revistas Exame São Paulo e Veja São Paulo. Também foi editora do Diário do Comércio, editora-assistente do jornal Diário de S. Paulo e editora-sênior da Agência Meios, na capital paulista.
Como freelancer, Isabela já escreveu para as revistas Você SA, Você AS Mulher e Nova, para o jornal Valor Econômico e para o UOL. É pós-graduada em Economia para Jornalistas na Universidade Presbiteriana Mackenzie e tem mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.
Acompanhe nosso papo:
Isabela, você acredita que homens e mulheres tratam as finanças de forma diferente? Quais são as principais diferenças e como podemos aproveitá-las para que a família dê mais valor à educação financeira?
Isabela Barros: De modo geral, acredito que as mulheres pensam mais nos outros, no bem estar e nas finanças dos filhos e do marido, além da sua própria vida financeira. Acho que, na maioria dos casos, os homens conseguem pensar primeiro neles mesmos, mais do que nós.
No entanto, para que a família valorize mais a educação financeira, é preciso deixar as diferenças de lado e trabalhar de modo conjunto, conversando com o parceiro e com os filhos sobre o orçamento da casa, as prioridades, objetivos, sobras ou déficits. Com homens e mulheres colocando os seus pontos de vista.
Na minha casa, eu sempre soube da real situação financeira, sempre entendi quando era a hora de apertar o cinto, meus pais sempre deixaram isso claro, o que ajudou para que eu e os meus dois irmãos sempre tivéssemos os pés no chão em relação ao dinheiro. Eu sou poupadora desde criancinha.
Você já teve a oportunidade de conversar com muitos especialistas, autores e referências em finanças através do seu ótimo site “As Poupadoras”. Pode citar algumas lições e ensinamentos de alguns deles?
I. B.: Antes de mais nada, muito obrigada pelo elogio. Fico feliz com o reconhecimento de vocês. Sim, ao longo desses três meses de site, já ouvimos muita gente boa a respeito das suas lições mais importantes sobre o uso do dinheiro, principalmente na seção Troco, na qual entrevistamos personalidades de diversas áreas. Alguns dos ensinamentos que mais me marcaram:
- “Poupar demais é tão insano quanto gastar demais”. (Gustavo Cerbasi, na seção Troco do site);
- “O conselho que dou a quem quer ter sucesso profissional e financeiro é estudar muito. Ler muito. Buscar todas as oportunidades para se aperfeiçoar e se manter bem informado. Aprendi que a sorte e as oportunidades beneficiam apenas os que se preparam para aproveitá-las”. (Mailson da Nóbrega, na seção Troco);
- “Na minha vida, dinheiro já foi sinônimo de segurança e cada vez mais significa liberdade. Se eu puder dar apenas uma sugestão a qualquer pessoa é que tente viver com um pouco menos do que ganha. Se puder dar mais uma sugestão, seria: curta as coisas boas e simples da vida!” (Jurandir Sell Macedo, consultor de finanças pessoais, na seção Troco);
- “Dinheiro não aceita desaforo. (…) É preciso investir no que traz retorno. Sapatos são maravilhosos, mas acabam. O conhecimento e a cultura que uma viagem traz são um patrimônio eterno que só se acumula e dá dividendos”. (Ana Paula Padrão, no nosso Troco);
- “Aprendi que o consumo excessivo traz muita insatisfação”. (Mirian Goldenberg, no nosso Troco).
Muitos leitores homens compartilham a visão de que a mulher tende a correr menos riscos e a ser mais detalhista com o controle financeiro. Isso se comprova na prática?
I. B.: Na maioria dos casos, acredito que sim. Isso exatamente porque, como já comentei anteriormente, as mulheres são mais preocupadas com o todo, com o bem estar da família e dos filhos além de si mesma. Por isso a menor disposição ao risco, para proteger o patrimônio de todos. Mas isso não quer dizer que nós, mulheres, não possamos ser excelentes poupadoras e investidoras.
Um dos grandes problemas da educação financeira é incentivar as famílias a adotarem práticas sustentáveis ligadas ao consumo. Investir é uma questão que surge geralmente depois. Como equilibrar este quadro? Você tem algumas sugestões para os nossos leitores?
I. B.: Acho que, antes de mais nada, é preciso quebrar o tabu que muita gente tem a respeito do dinheiro, a ideia de que falar sobre o tema é motivo de constrangimento. No “As Poupadoras”, dentro da nossa proposta de trocar experiências no campo das finanças pessoais, procuramos desmistificar o assunto, mostrar que lidar com o dinheiro não é uma tarefa complicada, muito pelo contrário.
Falamos muito sobre a importância de poupar, de não gastar à toa, lembramos como a vida simples pode ser boa. E isso com dicas práticas e acessíveis, como vender aquilo que se tem em casa e não se usa mais, organizar reuniões para trocar roupas usadas entre amigas, comer menos fora para economizar um pouco e assim por diante.
Ou seja, falamos muito que é preciso olhar para o próprio orçamento em busca de soluções. E agir com disciplina depois. Com vontade, qualquer um consegue guardar um pouco de dinheiro todo mês. E investir depois.
Quais são as principais dúvidas e comentários que vocês costumam receber das leitoras (e leitores) no site “As Poupadoras”?
I. B.: Nossos leitores perguntam principalmente sobre como orientar os filhos em relação ao uso do dinheiro e sobre quando comprar dólar ou euro. Os comentários são muito variados, mas as pessoas normalmente gostam das dicas práticas de como economizar no dia a dia.
Isabela, obrigado pela ótima entrevista. Por favor, deixe uma mensagem final sobre finanças pessoais para os leitores e explique como eles podem entrar em contato com você e conhecer melhor o seu trabalho.
I. B.: Eu que agradeço, o Dinheirama é uma referência em boa informação sobre finanças pessoais no Brasil. Para mim, dinheiro é liberdade, segurança, conforto. Saber que tenho reservas no banco para suportar eventuais momentos de dificuldade me tranquiliza e me faz sentir livre para fazer escolhas.
Ao longo da vida, aprendi que ter pouco e amar tudo o que tenho me faz mais feliz do que acumular. Nunca fui acumuladora, mas, com o tempo, fui ficando mais seletiva em relação às minhas opções de consumo. Por tudo isso, tenho muito prazer em debater esses assuntos com os nossos leitores.
O nosso site, “As Poupadoras” é feito por mim pela jornalista Isaura Daniel. Ambas ficamos à disposição dos leitores do Dinheirama e convidamos a todos a conhecerem o nosso site acessando www.poupadoras.com. Obrigado e até a próxima.
Foto: divulgação.