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Dinheirama Entrevista: Marcelo Furtado, CEO Da Convenia, Startup Do Setor De RH

by Redação Dinheirama
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O setor de recursos humanos também tem passado por mudanças significativas com a entrada de muitas startups e empresas que usam alta tecnologia para resolver de forma simples algumas questões há muito existentes.

Uma destas empresas é a Convenia, criada em 2012 pelos empreendedores Marcelo Furtado, Rodrigo Silveira e Anderson Poli. A ideia do negócio surgiu quando eles olharam para trás e perceberam que, apesar da carreira promissora que tinham, sentiam-se mal geridos nas empresas em que trabalhavam. Juntos, os três decidiram desenvolver um software para auxiliar nos processos de departamento pessoal de pequenas e médias empresas, otimizando e desburocratizando o RH, da contratação ao desligamento de um funcionário.

“A área de Recursos Humanos sempre foi muito manual, com muita papelada e um gap de tecnologia muito grande. A partir disso, vimos uma real necessidade de mercado e, com os insights adquiridos, desenvolvemos uma ferramenta para suprir, de forma automatizada, os processos de gestão da rotina na área, reduzindo o tempo gasto com questões operacionais e destinando-o para as pessoas”, destaca Marcelo Furtado, CEO da startup, que conta mais sobre o assunto na entrevista a seguir.

Como vocês enxergam o setor de RH hoje? O que mudou ao longo dos últimos anos e como as startups se enquadram nisso?

Marcelo Furtado:  O RH está passando por uma verdadeira revolução. A área deixou de ser apenas ‘transacional’ (ou seja, processar as rotinas burocráticas) para se tornar, de fato, uma área estratégica para as empresas, sendo uma das principais áreas que contribuem para o crescimento dos negócios.

Grande parte desta revolução está sendo feita pelos profissionais da área que estão cada vez mais próximos da tomada de decisão das empresas (já vemos muitos profissionais que chegam a presidência das empresas a partir do RH) mas também pela aplicação de alta tecnologia em todos os processos.

Quando o RH deixou de se preocupar apenas com ‘processos’ e passou a olhar mais as pessoas, surgiram teorias como Employee Experience (olhar a jornada inteira de um funcionário na empresa) e Employer Branding (o cuidado com a marca empregadora da empresa). Se repararmos bem, essas teorias são quase que paralelas às teorias vindas de marketing (Customer Experience = Employee Experience) e o próprio Branding das empresas (que para o RH se tornou Employer Branding).

As startups são as empresas que de forma muito ágil estão conseguindo criar as ferramentas necessárias para essas mudanças ocorrerem. As chamadas empresas de HR TECH (startups que trabalham o mercado de RH) oferecem soluções modernas para que o RH tenha um verdadeiro arsenal para transformar a área nos próximos anos. Tecnologia somente não muda a vida de nenhuma empresa. Porém, tecnologia aliada à nova forma de pensar do profissional de RH vai transformar a forma como conhecemos a gestão de pessoas.

Quando surgiu a Convenia e como apareceu a ideia do negócio?

M.F.:  A Convenia surgiu em 2012 quando ainda nem existia o termo HR TECH. Fomos uma das primeiras startups brasileiras a olhar para o RH e pensar em soluções para que esta área se tornasse a principal fonte de inovação das empresas.

Os sócios vieram do mercado financeiro onde trabalhavam para empresas com muito dinheiro, infraestrutura para os funcionários, porém, faziam apenas o básico (quando faziam) em relação à gestão de pessoas. Foi essa frustração que nos serviu de motivação para criar ferramentas para que empresas de todos os portes em todos os segmentos cuidassem melhor do seu RH. Afinal de contas, por trás de qualquer produto e serviço sempre existem pessoas.

Como a Convenia ajuda nos processos de RH de pequenas e médias empresas?

M.F.:A Convenia é uma plataforma que automatiza todas as rotinas do Departamento Pessoal de uma empresa a partir do momento da contratação de um colaborador até o seu desligamento, passando pelas importantes rotinas de gestão de férias, benefícios corporativos, comunicação com colaboradores, fechamento de folha de pagamento e assim por diante. Se você for reparar bem, esta é uma das áreas que ainda tem mais processos e rotinas manuais.

Um profissional de RH perde, em média, 5 dias do seu mês com rotinas de folha de pagamento. Outros 5 dias são gastos com processos manuais relativos a admissão de colaboradores. Isso significa que apenas nestes dois processos, consome-se cerca de 50% do mês útil de um profissional de RH. Com a utilização do Convenia, a automatização dos processos faz com que este profissional pare de gerenciar processos e passe a ter tempo para gerenciar pessoas. Este é o nosso grande objetivo. Estes ganhos podem ser observados em cases de clientes como este da Job Space.

Quantos clientes vocês já atenderam? Também há empresas maiores? Pode citar alguns exemplos?

M.F.: Mais de 3.000 empresas utilizam nossos serviços que hoje já representam mais de 250.000 colaboradores impactados por nossas soluções. São empresas de poucas dezenas a milhares de funcionários.

Quando olhamos para nossos produtos de benefícios temos grandes empresas como Grupo Fleury, Tecban, Souza Cruz entre outras grandes empresas. No mercado de tecnologia atendemos também referências na área como Creditas, Loggi e Resultados Digitais. Estamos muito felizes em entregar uma experiência diferente para todas elas.

Quais as vantagens de uma gestão de RH com uso de um software e muita tecnologia?

M.F.: Costumo dizer que não existe um botão mágico em uma tecnologia mágica que você vai apertar e resolver os problemas de RH. Afinal de contas, estamos falando de pessoas. Porém, também não adianta ter uma mentalidade de querer olhar e cuidar dos profissionais se você não permite que a área de RH tenha tempo útil para fazer isso. A tecnologia cumpre justamente este papel de entregar automação e permitir que as empresas tenham tempo e recurso (profissionais) disponíveis para cuidar das pessoas e não dos processos.

Outra vantagem de gerir o RH com tecnologia é oferecer uma experiência aos colaboradores tão boa quanto eles recebem de outros serviços  e produtos que consomem em suas vidas. Não faz mais sentido o funcionário hoje utilizar um carro compartilhado na Uber, fazer supermercado pelo aplicativo, utilizar uma conta bancária digital se ele ainda receber holerites em papel. Ou, pior, ter que solicitar férias por e-mail e rezar para que seu gestor visualize seu pedido. Esta experiência é sentida pelos funcionários das empresas que implantam Convenia. O RH passa a ser ‘cool’.

Como aprimoram os serviços e a tecnologia oferecida?

M.F.: Um dos pilares principais do nosso desenvolvimento de produto é uma visão quase que obsessiva nas dores dos nossos clientes.

Todas as solicitações e demandas são recebidas pelo time de produto e priorizadas de acordo com o “nível de dor”, ou seja, o quão relevante é aquela nova funcionalidade para o cliente. Se identificarmos algo que ainda não fazemos (e, acredite, temos muitas coisas em nossa lista de desenvolvimento), isso vai para a área de design de produto que constrói protótipos e volta a validar com os clientes que as solicitaram.

Só a partir desta validação, ou seja, quando os próprios clientes que fizeram a solicitação disserem que resolve uma dor deles, que iniciamos a produção. No Convenia, a opinião dos fundadores não vale nada. O que vale é a opinião do cliente!

Em termos de custos, como funciona para as empresas que se tornam clientes?

M.F.: Esta sempre foi uma preocupação nossa. Acredito que inovação não vem apenas de um produto, mas também da forma como este produto é distribuído e comercializado. Todos os processos de venda são otimizados para que tenhamos o menor custo de aquisição de cliente possível para que consigamos oferecer o melhor produto com o melhor preço possível. Afinal de contas, não há inovação se a tecnologia for inacessível.

Um exemplo disso é que quase que a totalidade dos nossos clientes são obtidos dos nossos canais de conteúdos orgânicos. Ou seja, investimos muito pouco em mídia paga (adwords, por exemplo) para conseguir ter um custo baixo de venda.

Outro ganho grande foi construir um sistema com uma usabilidade facilitada. Desta forma, não temos custo de treinamento de funcionários e, consequentemente, mais barata é a aquisição. O custo para uma empresa parte de R$ 7,00/mês por funcionário e chega a R$ 35/mês por funcionário dependendo do nível das funcionalidades. Na média das empresas, isso não chega nem a 1% do custo de folha de pagamento delas.

Há ainda o cenário, onde conseguimos oferecer o produto com grande desconto a partir da receita de benefícios corporativos. Caso uma empresa cliente contrate, por exemplo, plano de saúde para os colaboradores através do Convenia, nós utilizamos essa comissão para abater grande parte da mensalidade cobrada. É mais uma forma criativa e inovadora de levar acessibilidade para empresas de todos os portes.

Quais as expectativas para a Convenia nos próximos anos?

M.F.: O que vemos, com tristeza, é que muitas empresas que começam oferecendo produtos para gestão de pessoas (HR TECHS) e depois migram para outros tipos de soluções (gestão de processos, digitalização de documentos ou até mesmo financeiro).

Nós queremos continuar oferecendo um produto cada vez mais focado neste RH moderno e inovador. Além disso, somos brasileiros e acreditamos muito nas oportunidades locais. Não queremos ir para outros mercados sem antes atender 100% das necessidades das empresas do nosso país relativas a gestão de pessoas.

Queremos levar, por exemplo, inteligência artificial para gestão de departamento pessoal de qualquer empresa.

Um dos casos que já estamos testando é utilizar chat bots para responder as pesquisas mais comuns dos colaboradores. Imagine, por exemplo, um colaborador ter informações do seu plano médico durante o final de semana instantaneamente no seu whatsapp? É este tipo de inovação que traremos para o mercado brasileiro.

Quais as expectativas para as Hrtechs nos próximos anos?

M.F.: Ainda estamos engatinhando no mercado de HR Techs. De acordo com recente pesquisa divulgada pela Liga Ventures, o Brasil tem cerca de 120 startups ligadas a RH. O resto do mundo possui mais de 3.500 startups nesta área, de acordo com o Crunchbase.

Não faz sentido que a 8ª economia do mundo e uma das que mais emprega em número absoluto seja tão pouco representativa neste mercado. Acredito muito que o mercado de HR Tech está na sua fase inicial de vida e ainda muito longe da maturação. Sou otimista com o futuro!

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