A divulgação de dados econômicos fracos na China e na zona do euro elevou preocupações em torno do crescimento global e fez os investidores buscarem a segurança do dólar nesta terça-feira, o que determinou a alta da moeda norte-americana ante o real durante todo o dia.
O dólar (USDBLR) à vista fechou o dia cotado a 4,9756 reais na venda, com alta de 0,85%.
Na B3, às 17:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,68%, a 4,9930 reais.
Pela manhã, os mercados já repercutiam a divulgação de novos dados econômicos decepcionantes na China um dos maiores importadores de commodities do mundo.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços do Caixin/S&P Global caiu para 51,8 em agosto, ante 54,1 em julho, na leitura mais baixa desde dezembro, quando a Covid-19 confinou muitos chineses em suas casas. A marca de 50 separa expansão de contração da atividade.
Já os PMIs da zona do euro mostraram retração mais profunda que o esperado em agosto. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto final do HCOB, compilado pela S&P Global, caiu para 46,7 em agosto, ante 48,6 de julho. A estimativa preliminar era de 47,0. O PMI de serviços caiu para 47,9, ante 50,9 em julho e abaixo da preliminar de 48,3.
Os números da China e da zona do euro dispararam a busca global por ativos de menor risco, como o dólar, em detrimento de ativos mais arriscados, como as divisas ligadas a commodities. Com isso, o dólar à vista subiu durante todo o dia no Brasil.
Na cotação mínima da sessão, às 9h11, a moeda à vista marcou 4,9548 reais (+0,43%) e, na máxima, às 16h15, atingiu 4,9870 reais (+1,08%).
“A China é um comprador gigantesco de mercadorias, assim como vendedor. Problemas no país acabam afetando o mercado como um todo”, pontuou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
“Hoje (terça-feira) vemos uma preocupação que traz aversão ao risco. Mas as notícias internas também não ajudam”, acrescentou.
Para Avallone, os receios de que o governo Lula não seja capaz de entregar um resultado primário zerado em 2024, como indicado no Orçamento enviado ao Congresso, seguem dando certa sustentação ao dólar ante o real.
Pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento promovido pelo grupo Julius Baer, voltou a afirmar que o mundo inteiro está olhando para o cenário fiscal e seus efeitos sobre a política monetária, o que coloca “a barra um pouquinho mais alta” inclusive para o Brasil.
Ao analisar a situação da China, ele afirmou que “curiosamente” a percepção de crescimento mais baixo do país não está afetando muito os preços das commodities.
“A gente tem que observar, mas até agora o que parece é que para a nova projeção, para a reprecificação de crescimento chinês, o preço de commodities sentiu pouco, acho que isso é relevante”, disse.
No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em alta ante praticamente todas as demais divisas, na esteira dos números decepcionantes da China e da Europa.
“O DXY (índice do dólar ante uma cesta de moedas fortes) está em alta forte, o que evidencia uma demanda pela moeda norte-americana hoje (terça-feira), com investidores em busca de proteção. Também estamos vendo uma resiliência da maior economia dos EUA, o que contribui para isso”, pontuou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
Às 17:21 (de Brasília), o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,64%, a 104,820.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de novembro.