O corte de 0,50 ponto percentual da Selic, além da sinalização de que o Copom tende a promover mais reduções de meio ponto percentual nos juros, fez o dólar à vista ter alta firme ante o real nesta quinta-feira, com investidores avaliando que o Brasil se tornará menos atrativo ao capital internacional.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8997 reais na venda, com alta de 1,97%.
Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,80%, a 4,9245 reais.
A moeda norte-americana à vista subiu durante todo o dia, numa reação forte à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que na noite de quarta-feira anunciou corte de meio ponto percentual da taxa básica Selic, para 13,25% ao ano.
Além disso, o colegiado sinalizou a intenção de promover novos cortes de 0,50 ponto percentual em suas próximas reuniões. A decisão foi dividida, em 5 votos a 4.
O corte de meio ponto percentual contrariou boa parte do mercado, que precificava de forma majoritária corte de apenas 0,25 ponto percentual. Com isso, houve forte ajuste na curva de juros futuros nesta quinta-feira.
“A decisão do Copom significa menos fluxo de capital para o Brasil, porque lá fora os juros estão subindo ainda, para níveis restritivos, e não há previsão de um início de corte. Então temos pressão forte no real”, comentou o especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos, Wagner Varejão.
A leitura do mercado nesta quinta-feira foi de que, com juros menores no Brasil e maiores nos Estados Unidos — considerando as decisões de política monetária mais recentes nestes países — o diferencial de juros brasileiro está diminuindo, o que torna o país menos atrativo ao capital internacional.
Varejão e um operador ouvido pela Reuters disseram, no entanto, que o avanço do dólar ante o real nesta quinta-feira teria sido “forte demais”, o que abre espaço para ajustes de baixa nas próximas sessões.
Economistas e operadores têm ponderado que, apesar de a decisão do Copom tornar o Brasil menos atrativo ao capital externo, o diferencial de juros segue vantajoso na comparação com outros países emergentes.
Além do Copom, o mercado de câmbio foi influenciado nesta quinta-feira pelo exterior, onde o dólar também mantinha ganhos ante outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities, como o peso mexicano, o peso colombiano e o peso chileno. O Chile, aliás, também já havia surpreendido os investidores ao promover, na sexta-feira passada, corte de juros superior ao previsto pelo mercado.
Em relação às moedas fortes, no entanto, o dólar oscilava perto da estabilidade no fim da tarde.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,10%, a 102,490.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de setembro.