O dólar (USDBLR) à vista oscilou em margens estreitas ante o real nesta quarta-feira, encerrando a sessão em baixa, com investidores em compasso de espera pela divulgação de dados de inflação no Brasil e nos EUA na quinta-feira, que podem estimular ajustes de posição mais amplos nos próximos dias.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8919 reais na venda, em baixa de 0,30%. Em janeiro, a moeda norte-americana acumula alta de 0,83%.
Na B3, às 17:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,32%, a 4,9035 reais.
A sessão desta quarta-feira foi marcada pela volatilidade reduzida, com o dólar oscilando em margens estreitas ante o real, apesar de ter se mantido durante todo o tempo no território negativo.
A moeda à vista oscilou da mínima de 4,8784 reais (-0,58%), às 10h30, à máxima de 4,9064 reais (-0,01%), às 11h36.
A queda das cotações no Brasil esteve em sintonia com a baixa da moeda norte-americana ante boa parte das demais divisas no exterior, onde os investidores aguardam com ansiedade a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA na quinta-feira.
Profissionais do mercado alertam que, caso a inflação dos EUA surpreenda para cima, a curva de juros norte-americana tende a passar por novos ajustes de alta, refletindo a redução das apostas de que o Federal Reserve iniciará o processo de corte de juros já em março. Este cenário é favorável à alta do dólar ante as demais moedas, incluindo o real.
“Dados de inflação acima do esperado nos EUA podem estressar a curva (de juros) de lá, o que pode gerar pressão para o câmbio”, comentou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. “Vimos uma relativa melhora para o câmbio no fim do ano passado, com o dólar se estabilizando. A dúvida é como ficará o câmbio em função dos dados e do Fed”, acrescentou.
Por outro lado, caso o CPI norte-americano venha abaixo do esperado, isso pode levar a nova rodada de retirada de prêmios da curva de juros norte-americana, favorecendo a queda do dólar.
“Me parece consenso que a direção natural é o dólar para baixo, muito por conta da balança de pagamentos brasileira. Temos visto um fluxo muito forte de moeda para o Brasil”, pontuou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. “A tendência é o dólar para baixo, mas com volatilidade com os indicadores”, acrescentou, em referência às divulgações previstas para quinta-feira.
No Brasil, a expectativa recai sobre o anúncio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, também na manhã de quinta-feira.
Porém, a visão do mercado é de que o indicador tem menos potencial para alterar as expectativas em torno do Banco Central, que vem sinalizando para as próximas duas reuniões de política monetária cortes de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic, atualmente em 11,75% ao ano.
Nesta quarta-feira, a curva de juros brasileira seguia precificando em quase 100% a chance de corte de meio ponto percentual da Selic este mês.
Às 17:28 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,09%, a 102,410.
Pela manhã, em palestra da JP Morgan Brazil Opportunities Conference, o diretor de Política Econômica do BC Diogo Guillen afirmou que a autarquia não fez nenhuma intervenção no mercado de câmbio em 2023 porque não foram observadas lacunas de liquidez ou disfuncionalidades.
Também pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.