O mercado de câmbio no Brasil teve nesta quinta-feira mais uma sessão de cotações travadas, com o dólar oscilando em torno da estabilidade durante praticamente todo o dia, influenciado por preocupações no exterior sobre a economia chinesa e os juros norte-americanos, enquanto no Brasil a expectativa gira em torno do andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9817 reais na venda, com baixa de 0,11%.
Na B3, às 17:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,08%, a 4,9990 reais.
Pela manhã, em um relatório sobre a implementação da política monetária chinesa no segundo trimestre, o Banco do Povo da China afirmou que “alavancará melhor as funções duplas das ferramentas agregadas e estruturais de política monetária e apoiará firmemente a recuperação e o desenvolvimento da economia real”.
A indicação do BC chinês de que pretende dar suporte à recuperação econômica do país surge após o país apresentar, nos últimos dias, uma série de dados considerados fracos, o que pressionou as moedas de países exportadores de commodities, como o real.
Assim, o dólar cedia mais cedo ante praticamente todas as divisas fortes e de países exportadores de commodities e emergentes, em um movimento que levou a cotação à vista no Brasil à mínima de 4,9587 reais (-0,58%) às 10h41.
A queda, no entanto, não se sustentou. Aos poucos o dólar à vista foi recuperando valor e se reaproximando da estabilidade ante o real, também em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana passou a ganhar valor ante outras divisas.
Por trás do movimento esteve mais uma vez os receios dos investidores em torno da política monetária do Federal Reserve, que na quarta-feira divulgou a ata de seu último encontro. O documento registrou que os dirigentes do Fed “permaneceram resolutos em seu compromisso de reduzir a inflação para a meta de… 2%”.
No mercado, permanecia o receio de que o Fed promova novo aumento de juros ou mantenha as taxas em patamares elevados por mais tempo. Assim, o dólar à vista marcou a máxima de 4,9970 reais (+0,19%) às 11h38.
“A tendência nos EUA talvez seja de mais aumento de juro. Então, o dólar tenta recuperar um pouco da força em função da ata de ontem (quarta-feira)”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, sobre a recuperação das cotações ainda durante a manhã.
Tanto do lado da queda quanto no da alta, porém, o dólar não teve força para sustentar variações firmes ante o real.
Operador ouvido pela Reuters pontuou que a moeda norte-americana estava “travada” porque os agentes aguardam indicações mais claras sobre o futuro da política monetária nos EUA e da atividade econômica na China, além dos desdobramentos da tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso brasileiro.
O relator do arcabouço na Câmara, deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), disse nesta quinta-feira que a definição da data para a votação da matéria na Casa dependerá de uma reunião na residência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na próxima segunda-feira, com líderes partidários e representantes do governo federal.
No exterior, a divisa norte-americana apresentava, no fim da tarde, sinais mistos em relação às demais moedas.
Às 17:17 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,06%, a 103,410.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de outubro.