O dólar subia frente ao real nesta terça-feira, em linha com o avanço da divisa norte-americana após dados decepcionantes de China e Europa, que reacenderam o medo de uma desaceleração econômica global.
Às 10:24 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,89%, a 4,9775 reais na venda.
Na B3, às 10:24 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,72%, a 4,9950 reais.
Esse movimento estava em linha com a alta de 0,50% do índice do dólar contra uma cesta de pares fortes, refletindo os ganhos dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano na volta do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.
Além disso, “os ativos de risco estão abrindo em baixa após os dados de PMI composto e de serviços da zona do euro e China mostrarem números piores do que o esperado”, disseram analistas da Guide Investimentos em nota. “Os preços de commodities estão caindo em meio à piora dos dados econômicos, apontando para uma menor demanda.”
A atividade de serviços da China expandiu em agosto no ritmo mais lento em oito meses, mostrou uma pesquisa do setor privado nesta terça-feira, uma vez que a demanda fraca continua a afetar a segunda maior economia do mundo e medidas de estímulo falharam em reanimar o consumo.
Já na zona do euro, o declínio na atividade empresarial acelerou no mês passado com mais rapidez do que se pensava inicialmente, com o setor de serviços em contração, de acordo com pesquisa separada.
Na esteira dos dados, outras divisas emergentes ou sensíveis às commodities, como dólar australiano, rand sul-africano e peso mexicano, caíam entre 0,5% e 1,3%.
No Brasil, “o mercado segue de olho nas negociações do governo para conseguir aprovar as medidas de arrecadação”, disse a Guide Investimentos.
Receios sobre a capacidade do governo de zerar o déficit no ano que vem, como tem planejado, penalizaram os ativos brasileiros em algumas das últimas sessões, em meio à percepção de que seus planos fiscais talvez sejam ambiciosos demais.
No entanto, uma taxa de juros ainda elevada, surpresas econômicas positivas e o avanço de reformas estruturais têm sido apontados como fatores de apoio para a moeda local, com muitos especialistas notando maior interesse de investidores estrangeiros no Brasil.
“O Brasil há muito tempo tem taxas de juros reais muito altas e uma moeda muito fraca. Isso pode estar mudando. O capital estrangeiro que ia para a China quer vir para o Brasil. O Brasil só precisa acolher os fluxos ocidentais e não se perder em uma perigosa narrativa de ‘Sul Global’…”, escreveu Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF).
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9338 reais na venda, com baixa de 0,14%.