O dólar (USDBLR) à vista emplacou o segundo dia consecutivo de queda firme ante o real, na esteira da alta das commodities no mercado internacional e na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana avançava ante outras divisas, após a divulgação de dados econômicos positivos nos EUA.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8727 reais na venda, com baixa de 0,90%. Na véspera, a moeda já havia recuado 0,75%.
Na B3, às 17:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,91%, a 4,8825 reais.
O dólar cedeu durante praticamente todo o dia ante o real, apesar do exterior. Pela manhã, o Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo aumentaram 0,6% em agosto, levemente acima do 0,5% de julho. Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 0,2%.
Já o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram para 220.000 na semana encerrada em 9 de setembro, em dados ajustados sazonalmente, ante 217.000 na semana anterior. Apesar da alta, economistas previam 225.000 pedidos para a última semana.
Os números do varejo e do mercado de trabalho norte-americano, considerados bons, deram força à leitura de que a inflação nos EUA ainda não está controlada e o Federal Reserve poderá ser levado a subir mais sua taxa de juros no futuro, ou a mantê-la em níveis elevados por mais tempo.
Esta leitura deu força ao dólar ante divisas fortes e ante boa parte das moedas de países emergentes.
No Brasil, no entanto, o efeito foi diluído. Dois profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o avanço das commodities entre elas o petróleo, que subia mais de 2% determinou mais um dia de queda do dólar ante o real.
“Este real um pouco melhor está mais ligado a commodities, que estão melhorando. Isso está cortando um pouco o efeito dos dados norte-americanos”, comentou José Faria Júnior, diretor da consultoria Wagner Investimentos.
“Pelo nosso modelo, o petróleo, a soja e a celulose são produtos da pauta de exportação do Brasil que já estão em tendência de alta de preços. O minério ainda não está, mas já está revertendo. Isso ajuda o real”, acrescentou Faria Júnior.
Um terceiro profissional, o head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, observou que entre o fim da manhã e o início da tarde também houve um movimento técnico no mercado futuro, com estrangeiros comprados (posicionados no sentido da alta do dólar) reduzindo posições, assim como ocorreu na véspera.
“Houve uma força de venda (de dólares no mercado futuro) muito forte. É um pouco de realização (de lucros), porque foi o estrangeiro operando”, disse Caciano.
Segundo ele, o fato de o Brasil se manter com juros elevados em relação ao exterior, apesar de o Banco Central ter iniciado o processo de cortes da taxa básica Selic, também mantém o país atrativo a investimentos. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
Na cotação máxima da sessão, às 9h01, o dólar à vista atingiu 4,9210 reais (+0,08%). Na mínima, às 13h07, a moeda marcou 4,8629 reais (-1,10%). Durante a tarde, houve certa recuperação, mas ainda assim o dólar encerrou em baixa ante o real, na contramão do exterior.
Apesar do recuo recente do dólar ante o real, Faria Júnior afirma que a recomendação é de compra para um dólar perto dos 4,87 reais, em função do movimento recente do índice do dólar, que está revertendo uma tendência de longo prazo de baixa para alta. Segundo ele, com o índice acelerado, o dólar pode voltar a encontrar suporte para subir ante o real.
Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana se manteve no positivo ante as divisas fortes.
Às 17:16 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas subia 0,55%, a 105,320.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de novembro.