O dólar (USDBLR) caía acentuadamente frente ao real pela segunda sessão consecutiva nesta sexta-feira, ajustando-se a um pregão de forte apetite por risco internacional na véspera, quando os mercados brasileiros estavam fechados, enquanto investidores reagiam a dados de emprego mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos e à decisão do Copom de quarta.
Às 10h46 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,81%, a 4,8830 reais na venda, em movimento que operadores atribuíram em parte a uma tentativa de ficar em linha com o pregão de forte apetite por risco global na quinta-feira, quando o dólar caiu e as ações dispararam. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,4%, a 4,9115 reais.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a cair 1,95%, a 4,8759 reais na venda, menor patamar intradiário desde 20 de setembro. Na semana, encurtada pelo feriado de quinta-feira, o dólar acumulava queda de cerca de 2,30%.
“Acho que o movimento está intimamente relacionado com o ‘payroll’; outubro veio fraco”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, referindo-se a um relatório desta sexta-feira que mostrou que o crescimento do emprego nos Estados Unidos desacelerou mais do que o esperado em outubro.
A criação de vagas não agrícolas totalizou 150.000 empregos no mês passado, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego, acompanhado de perto, nesta sexta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam que seriam criadas 180.000 vagas.
“Acredito que, após muitas semanas sem rumo claro, o mercado está apostando que o teto do juros definido pelo Fed (neste ciclo de aperto monetário) já foi atingido… e isso beneficia demais os emergentes, que naturalmente são ajudados pelo fechamento do diferencial de juros”, completou Bergallo.
“Nem o fluxo natural sazonal de final de ano (de saída de dólares do Brasil) e aquela busca natural por proteção que geralmente se inicia nessa época do ano estão tendo força para se contrapor ao fator externo.”
No Brasil, a taxa Selic está agora em 12,25%, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve na tarde de quarta-feira o ritmo de cortes de juros de 0,50 ponto percentual.
Embora o afrouxamento monetário tenda a, aos poucos, reduzir o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, especialistas argumentam que a Selic ainda permanecerá em nível restritivo por um bom tempo, ao mesmo tempo que o ciclo de alta de taxas nos EUA pode acabar antes do esperado.
Na última sessão, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9731 reais na venda, em baixa de 1,34%.