O dólar (USDBRL) devolveu perdas iniciais e passou a rondar a estabilidade nesta quinta-feira, com investidores digerindo alteração no comunicado de política monetária do Banco Central para acomodar uma orientação mais cautelosa, enquanto, no exterior, o clima ainda era otimista após alívio com as projeções do Federal Reserve.
Às 09h50 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,04%, a 4,9759 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,01%, a 4,9715 reais.
O Banco Central decidiu na quarta-feira fazer uma nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião, em maio.
Economistas disseram que essa indicação não necessariamente significa que um corte de 0,50 ponto em maio será o último dessa magnitude no atual ciclo de afrouxamento.
De qualquer forma, a maior cautela do Copom confirma que não há possibilidade de a taxa Selic terminal ficar abaixo do atualmente projetado pelos mercados –algo que seria prejudicial para o real.
Enquanto isso, o Federal Reserve deixou na quarta-feira sua taxa básica inalterada e também a projeção de que deve cortar os juros três vezes este ano.
Projeções atualizadas do banco central norte-americano mostraram que 10 das 19 autoridades do Fed ainda veem a taxa básica em queda de pelo menos 0,75 ponto percentual (ou três cortes de 0,25) até o final deste ano, uma visão mediana definida pela primeira vez em dezembro e mantida apesar da recente inflação mais forte do que o esperado.
“Acreditamos que o real deverá permanecer bem apoiado, uma vez que o ‘carry trade’ continuará a funcionar após o Fed. É improvável que a reunião do Copom mude isso e, na verdade, até colabora para o apelo do real”, disse o Citi em relatório a clientes.
Quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica o real para uso em estratégias de “carry trade”. Estas consistem na tomada de empréstimos em país de juros baixos e investimento desse dinheiro em mercados mais rentáveis, de forma que se lucra com a diferença de taxas.
A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 1,14%, a 4,9741 reais na venda, depois de ter encerrado os dois pregões anteriores acima de 5 reais.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de junho de 2024.