O dólar saltava frente ao real nos primeiros negócios desta quinta-feira, mesmo sem surpresas na decisão de política monetária do Banco Central da véspera, uma vez que o tom ainda duro por parte do Federal Reserve em sua reunião de definição dos juros pesava no sentimento global.
Às 10:14 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,94%, a 4,9265 reais na venda, em linha com a alta da divisa norte-americana no exterior.
Na B3, às 10:14 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,93%, a 4,9325 reais.
O Fed manteve a política monetária na véspera, como esperado, mas sinalizou que provavelmente aumentará os juros nos Estados Unidos ao menos mais uma vez este ano. O banco central ainda revisou para cima suas projeções para o patamar de juros ao longo de 2024, com alertas de que a batalha contra a inflação está longe de encerrada.
“O mercado acreditava que a gente teria uma taxa inalterada até o final do ano, e, além de um comunicado bem mais duro do que o mercado estava esperando, o (chair do Fed, Jerome) Powell deixou em aberto novos aumentos até o final do ano, o que traz tração para o dólar”, explicou Gabriel Mota, operador da Manchester Investimentos.
“Se a gente tiver efetivamente aumentos na taxa de juros nos Estados Unidos e aqui continuarmos com o nosso cenário de queda (da Selic), que não deve ser alterado, a gente muito provavelmente vai começar a ver investidores estrangeiros tirando dinheiro aqui do Brasil e levando para os Estados Unidos, porque lá há títulos públicos pagando taxas de juros elevadas e isentos de risco”, disse ele.
De fato, no fim da tarde de quarta-feira o Banco Central do Brasil decidiu por novo corte de 0,50 ponto percentual na Selic, a 12,75% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê reduções equivalentes nas próximas reuniões.
Embora isso tenda a tornar os retornos oferecidos por investimentos denominados em real menos atraentes, alguns participantes do mercado disseram que o fato de a decisão ter vindo sem surpresas e sem indicar aceleração do ritmo de queda dos juros limita muito qualquer impacto do Copom nos ativos brasileiros, com o protagonismo da sessão ficando principalmente para o Federal Reserve.
“O comunicado trouxe poucas surpresas com o corte unânime e a manutenção da sinalização dos ajustes de mesma magnitude ‘nas próximas reuniões'”, avaliou o BTG Pactual em relatório a clientes. “Barra é alta para aceleração dos cortes.”
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8804 reais na venda, com alta de 0,16%.