O dólar abandonou perdas iniciais e passou a subir nesta segunda-feira, com receios sobre a trajetória de política monetária dos Estados Unidos compensando o anúncio de novos estímulos na China, enquanto investidores aguardavam uma série de indicadores econômicos internacionais e domésticos agendados para esta semana.
Às 10:04 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,17%, a 4,8833 reais na venda, depois de ter mostrado fraqueza na abertura.
Na B3, às 10:04 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,16%, a 4,8870 reais.
O mercado continuava repercutindo a fala da semana passada do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole, em que disse que o banco central pode precisar elevar ainda mais os juros para garantir que a inflação seja contida, notando tanto os progressos alcançados na redução das pressões sobre os preços quanto os riscos decorrentes da força surpreendente da economia dos EUA.
“Acreditamos que uma pausa (no aperto do Fed) em setembro parece provável, mas (após os comentários de Powell) o mercado agora vê uma chance de um aumento final de 25 pontos-base em novembro ou dezembro. Isso pode explicar a recuperação do dólar após a liquidação inicial na sexta”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
As apostas dos operadores de uma pausa no aperto do Fed permanecem inalteradas para a reunião de setembro, enquanto as chances de um aumento de juros em novembro subiram para 51%, de 38% na semana anterior, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group.
Custos de empréstimos mais elevados nos EUA tendem a impulsionar os rendimentos dos Treasuries e, consequentemente, manter o dólar em patamares fortes a nível global, conforme investidores migram seus investimentos em renda fixa para a maior economia do mundo.
Por outro lado, dando algum suporte ao sentimento internacional, as autoridades chinesas anunciaram um pacote de medidas para aumentar a confiança dos investidores, com destaque para a redução pela metade do imposto sobre a negociação de ações. As ações globais subiam nesta sessão, enquanto o dólar alternava estabilidade e leve queda frente a uma cesta de pares fortes.
A semana trará uma série de indicadores econômicos importantes, como dados de inflação e emprego dos Estados Unidos, que podem oferecer novas pistas sobre os próximos passos do Fed, bem como a leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil do segundo trimestre.
Enquanto isso, no âmbito doméstico, “a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara despertou as expectativas de uma agenda fiscal favorável em 2023, com as principais reformas passando pelo Senado até o final do ano”, avaliou Moutinho, de forma que o real “também deve continuar apoiado no sentimento de risco”.
Na última sessão, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8751 reais na venda, com baixa de 0,09%.