A Ferrari começou a vender carros por meio de criptomoedas nos Estados Unidos e estenderá o esquema para a Europa após pedidos dos clientes, disse o diretor comercial da montadora italiana à Reuters.
A grande maioria das empresas de primeira linha tem se afastado das criptomoedas, pois a volatilidade do bitcoin e de outros tokens as torna impraticáveis para o comércio. A regulamentação irregular e o alto consumo de energia também têm impedido a disseminação das criptomoedas como meio de pagamento.
Isso inclui a montadora de carros elétricos Tesla, que em 2021 começou a aceitar pagamentos em bitcoin, antes que o presidente-executivo da companhia, Elon Musk, anunciasse uma suspensão da modalidade citando preocupações ambientais.
A Ferrari disse que a decisão de aceitar moedas digitais veio em resposta às solicitações do mercado e dos lojistas, já que muitos dos clientes da marca de luxo investem em criptomoedas.
“Alguns são jovens investidores que construíram suas fortunas em torno de criptomoedas”, disse o diretor comercial da Ferrari, Enrico Galliera. “Outros são investidores mais tradicionais, que querem diversificar seus portfólios.”
Galliera não disse quantos carros a Ferrari espera vender por meio de criptomoedas. O executivo afirmou que a carteira de pedidos da empresa está forte e totalmente reservada até 2025 e que a empresa quer testar esse universo em expansão.
“Isso nos ajudará a nos conectar com pessoas que não são necessariamente nossos clientes, mas que podem comprar uma Ferrari”, disse ele.
A empresa italiana, que vendeu 13.200 carros em 2022, com preços que começam em mais de 200.000 euros e vão até 2 milhões de euros, planeja estender a possibilidade de pagamento em moedas digitais para a Europa até o primeiro trimestre do próximo ano e depois para outras regiões onde a criptomoedas são legalmente aceitas. Os países onde as criptomoedas são restritas incluem a China.
A Ferrari recorreu a um dos maiores processadores de pagamento de criptomoedas, o BitPay, para a fase inicial nos EUA, e permitirá transações em bitcoin, ether e USDC, uma das maiores stablecoins. A Ferrari poderá usar outros processadores de pagamento em diferentes regiões.
“Os preços não mudarão, não haverá taxas nem sobretaxas se você pagar por meio de criptomoedas”, disse Galliera.
A Bitpay transformará imediatamente os pagamentos em criptomoeda em moeda tradicional em nome dos concessionários da Ferrari, para que eles fiquem protegidos das oscilações de preço.
“Esse era um dos nossos principais objetivos: evitar que nossos revendedores e nós lidássemos diretamente com as criptomoedas e ficássemos protegidos de suas grandes flutuações”, disse Galliera.
Como processador de pagamentos, a BitPay garantirá que as moedas virtuais sejam provenientes de fontes legítimas e não derivadas de atividades criminosas ou usadas para lavar o produto do crime ou sonegar impostos, afirmou a Ferrari.
O chefe comercial e de marketing da Ferrari disse que a maioria de seus revendedores nos EUA já aderiu ao esquema ou está prestes a fazer isso.