O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira, pressionado pelo tombo de Bradesco (BBDC4), que perdeu mais de 23 bilhões de reais em valor de mercado após balanço trimestral e previsões para 2024 desapontarem.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,36%, a 129.949,9 pontos. Na máxima do dia, chegou a 130.551,96 pontos. Na mínima, a 129.426,4 pontos. O volume financeiro somou 27,95 bilhões de reais.
Na visão do chefe da EQI Research, Luís Moran, a queda do Ibovespa refletiu fundamentalmente o declínio das ações do Bradesco, após um resultado “bem ruim” e a perspectiva de que o banco ainda não mostrará resultado “muito animadores” por algum tempo, talvez apenas depois de 2024.
“Foi uma reação bastante forte”, afirmou, ponderando que, se o movimento dos papéis do Bradesco fosse excluído do cálculo, o Ibovespa estaria subindo “com folga”, uma vez que o mercado de títulos nos Estados Unidos, que tem direcionado a bolsa brasileira, deu uma acalmada.
Nos EUA, o Treasury de 10 anos marcava 4,1172%, de 4,092% na véspera, após leilão realizado pelo Tesouro para vender esses títulos. Na segunda-feira, esse percentual estava em 4,1640%.
Moran ressaltou, contudo, que o mercado acionário brasileiro deve continuar mostrando volatilidade, uma vez que o Federal Reserve afastou a chance de um corte de juros em março, enquanto deixou os próximos movimentos dependentes de mais dados, mantendo a incógnita sobre o começo da redução dos juros.
“A cada novo dado que sair, o mercado vai encontrar pelo em ovo, para um lado ou para o outro. E daí, ele vai ficar super animado ou não, vai ficar super desanimado”, disse Moran.
Com a pressão de Bradesco, o Ibovespa descolou de Wall Street, onde o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,82%.
Destaques
Bradesco (BBDC4) desabou 15,90%, a 13,96 reais, e Bradesco (BBDC3) despencou 13,02%, a 12,63 reais, resultando em uma perda de 24,1 bilhões de reais em valor de mercado. Foi a maior queda dos papéis desde novembro de 2022, quando as ações também reagiram a resultados.
O banco reportou nesta quarta-feira lucro líquido recorrente de 2,88 bilhões de reais no quarto trimestre, frustrando expectativas de analistas, que também se desapontaram com o guidance para 2024.
O Bradesco ainda apresentou seu plano estratégico até 2028, que trouxe várias iniciativas para aumentar a rentabilidade nos próximos cinco anos, mas o presidente-executivo do banco, Marcelo Noronha, ponderou que os resultados virão trimestre a trimestre e ressaltou que 2024 é um ano de transição.
Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,72%, a 34,54 reais, após alta de mais de 4% na véspera, enquanto Banco do Brasil (BBAS3), que divulga seus balanço na quinta-feira, caiu 0,27%, a 59,44 reais.
BTG Pactual (BPAC11) foi a exceção entre os bancos do Ibovespa e subiu 2,21%, a 38,38 reais, passando a mostrar um valor de mercado superior ao do Bradesco após o tombo das ações do concorrente.
Vale (VALE3) fechou com acréscimo de 0,19%, a 66,80 reais, em dia de alta dos futuros do minério de ferro na China, após Pequim sinalizar que as autoridades estavam intensificando os esforços para apoiar os mercados.
O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange fechou em alta de 1,1%, a 944 iuanes (131,31 dólares) por tonelada, recuperando-se da mínima de mais de duas semanas atingida na sessão anterior.
Petrobras (PETR4) avançou 1,47%, a 42,20 reais, em meio a noticiário intenso envolvendo a empresa, incluindo acordo de 832 milhões de reais com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para encerrar processo sobre royalties.
O presidente-executivo da petroleira também disse que a Petrobras está negociando projetos com empresas do Golfo, Índia e China, enquanto a companhia disse que investirá 90 milhões de reais em planta-piloto para hidrogênio de baixo carbono no Rio Grande do Norte.
No exterior, o barril do petróleo Brent fechou com elevação de 0,79%.
Petz (PETZ3) saltou 9,49%, a 3,46 reais, no segundo pregão seguido de alta, após renovar na segunda-feira mínimas históricas de 3,03 reais no intradia e 3,09 reais no fechamento.
Até a segunda-feira, os papéis acumulavam queda de cerca de 22% em 2024, considerando a cotação de fechamento.
Em relatório no começo da semana, analistas do Goldman Sachs afirmaram que, apesar de continuarem vendo uma oportunidade atrativa para a Petz consolidar participação em um mercado altamente fragmentado, permaneciam cautelosos quanto às perspectivas para a indústria pet em geral e à capacidade da empresa de defender margens devido à mudança on-line para categorias de animais de estimação e à concorrência de mercados horizontais e participantes de outros países.
Rumo (RAIL3) valorizou-se 4,17%, a 23,46 reais, endossada por relatório do Itaú BBA distribuído no final da terça-feira, no qual os analistas afirmaram esperar um resultado robusto da companhia no quarto trimestre, encerrando 2023 com um tom positivo e entregando algo próximo do ponto médio do seu guidance de Ebitda para o ano.
A Rumo divulga seu balanço no dia 22 de fevereiro.
GPA (PCAR3) recuou 2,70%, a 3,96 reais, tendo como pano de fundo reportagem do Valor Econômico de que o varejista definiu que a oferta de ações já sinalizada pela companhia será lançada após o balanço do banco, previsto para o próximo dia 21.