O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta sexta-feira, refletindo ajustes, após uma semana marcada por recordes, em meio a perspectivas de cortes de juros nos Estados Unidos no próximo ano e manutenção do ritmo de alívio monetário no Brasil.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,49%, a 130.197,1 pontos, mas acumulou alta de 2,44% na semana. Na máxima do dia, chegou a 131.661,25 pontos, recorde intradia. Na mínima, a 129.883,62 pontos.
O volume financeiro somou 31 bilhões de reais, ajudado pelas operações relacionadas ao vencimento de opções sobre ações.
De acordo com o analista-chefe da Levante Corp, Eduardo Rahal, o mercado exibiu nesta sexta-feira uma “tendência lateral”, após uma semana marcada por intensa volatilidade, que teve como destaques decisões de juros no Brasil e EUA.
Ele citou que, desde a quarta-feira, investidores passaram a recalcular suas expectativas para futuras alterações nas taxas de juros pelo banco central norte-americano, antecipando a chance de cortes, com algumas apostas já para janeiro de 2024.
Na quarta-feira, o Federal Reserve confirmou as expectativas do mercado e manteve o juro entre 5,25% e 5,50% ao ano, enquanto 17 dos 19 formuladores de política monetária do Fed passaram a projetar corte da taxa em 2024.
Ainda, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que o BC dos EUA provavelmente já terminou de aumentar os juros e afirmou que eles estão muito focados em não cometer o erro de manter as taxas altas por tempo demais.
No mesmo dia, mas após o fechamento do mercado, o Banco Central no Brasil promoveu novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 11,75% ao ano, e sinalizou cortes na mesma intensidade nas próximas reuniões.
Nesse contexto, o Ibovespa superou na quinta-feira as marcas históricas registradas anteriormente em junho de 2021, com a máxima intradia voltando a ser renovada nesta sexta-feira.
Em conversa com jornalistas nesta sexta-feira, o chefe de economia no Brasil e estratégia para América Latina do Bank of America, David Beker, reforçou a visão positiva para Brasil, estimando o Ibovespa em 145 mil pontos ao final de 2024.
A semana no mercado financeiro ainda terminou com a agência de classificação de risco Fitch reafirmando a nota “BB” para o Brasil, com perspectiva estável, e com a Câmara dos Deputados aprovando texto-base da reforma tributária em primeiro turno.
Destaques
Casas Bahia (BHIA3) caiu 10,64%, a 11,17 reais, após o grupamento de ações na proporção de 25 para 1. A ação corria o risco de ficar de fora de nova prévia do Ibovespa uma vez que vinha sendo negociada abaixo de 1 real.
A B3 divulga na segunda-feira uma nova prévia do índice que irá vigorar nos primeiros quatro meses de 2024. Ainda no setor de varejo, que teve vários nomes entre as maiores quedas do Ibovespa, Magazine Luiza (MGLU3) recuou 9,05%, a 2,21 reais.
Azul (AZUL4) fechou em baixa de 5,41%, a 15,90 reais, em dia marcado por evento da companhia aérea, no qual anunciou a compra de sete aeronaves A330Neo da Airbus, que começarão a ser entregues a partir de 2026, em estratégia para expansão de seus voos internacionais.
No setor, GOL (GOLL4) cedeu 2,54%, a 8,81 reais.
Eletrobras (ELET3) perdeu 2,07%, a 40,78 reais, sem conseguir qualquer empreendimento no maior leilão de transmissão de energia já realizado no Brasil.
O certame teve como vencedoras a chinesa State Grid, a espanhola Celeo Redes e a brasileira Alupar em consórcio com o fundo Mercury.
Braskem (BRKM5) subiu 2,90%, a 17,41 reais, experimentando uma recuperação, uma vez que até a véspera acumulava queda de 11,55% em dezembro, pressionada particularmente pelo noticiário envolvendo o afundamento do solo de bairros na cidade de Maceió, onde há minas de sal-gema da companhia.
Vale (VALE3) avançou 0,63%, a 73,86 reais, mesmo com a queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas em queda de 1,37%, a 935 iuanes (131,51 dólares) a tonelada.
Petrobras (PETR4) encerrou com acréscimo de 0,23%, a 35,40 reais, em dia de variação modesta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent terminou o dia com oscilação negativa de 0,08%, a 76,55 dólares.
Banco do Brasil (BBAS3) subiu 2,40%, a 54,61 reais, no terceiro dia de queda, após um começo de semana mais negativo, renovando máximas históricas.
Ainda no setor, Bradesco (BBDC4) valorizou-se 0,99%, a 17,42 reais, registrando máximas desde novembro de 2022, enquanto Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 0,43%, a 32,73 reais.