O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta segunda-feira, em meio a preocupações com cenário fiscal brasileiro e queda das ações da Petrobras (PETR4), que ofuscaram o efeito potencialmente positivo do avanço dos pregões em Wall Street, bem como a alta dos papéis da Vale (VALE3).
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,68%, a 112.531,52 pontos. O volume financeiro somou 18,4 bilhões de reais.
A bolsa paulista até abriu com viés positivo e o Ibovespa chegou a superar 114 mil pontos em meio a ajustes após a última sexta-feira terminar no vermelho com o desconforto provocado por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a meta fiscal zero de 2024 dificilmente será alcançada.
Mas a direção mudou conforme o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista coletiva, amenizou as afirmações de Lula, dizendo que o presidente não está “sabotando o país”, mas constatando problemas que precisam ser “reformados e saneados”.
Haddad, no entanto, não quis responder se o governo está comprometido com a meta de déficit primário zero em 2024, enquanto afirmou que a arrecadação federal não está acompanhando o crescimento acima do esperado do PIB.
Mesmo insistindo que a Fazenda segue buscando equilíbrio fiscal, o clima azedou.
Na mínima, o Ibovespa chegou a 112.308,5 pontos, sem conseguir retomar o sinal positivo apesar do desempenho robusto dos pregões em Wall Street, onde o S&P 500 fechou em alta de 1,2%.
O entendimento entre agentes financeiros é de que, além de uma falta de um comprometimento maior com o déficit zero em 2024, via contingenciamento de gastos, o equilíbrio nas contas se dará por meio do aumento da carga tributária, com o fim de alguns programas de incentivo fiscal.
Na terça-feira, o tema tende a continuar sendo discutido nas mesas de operações, mas o foco também deve se voltar para decisões de política monetária na quarta-feira, particularmente a do Federal Reserve, que será conhecida com o mercado ainda aberto. O Banco Central do Brasil anunciar o desfecho da sua reunião após o fechamento.
Para o BC norte-americano, a aposta majoritária é de manutenção da taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, mas investidores querem saber sobre os próximos passos do Fed, dado o cenário de economia ainda resiliente dos Estados Unidos e inflação, mesmo que com sinais de acomodação, elevada.
Quanto ao Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, prevalece a expectativa de que a taxa Selic será reduzida novamente em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
Do ponto de vista da análise técnica do Ibovespa, após a queda de sexta-feira, “o movimento de repique (do Ibovespa) pode ter chegado ao seu fim e voltamos com a expectativa de buscar o suporte em 111.600 pontos”, afirmaram analistas do Itaú BBA, no relatório Diário do Grafista nesta segunda-feira.
Eles acrescentaram que se o Ibovespa perder esse nível pode ganhar um novo impulso dentro da tendência de bapontos.
“Doto prazo, em direção a 108.100 pontos. “Do lado da alta, o índice encontrará resistências em 115.400 e os 117.100 pontos, patamar que mantém o índice em tendência de baixa no curto prazo.”
Destaques
Petrobras (PETR4) recuou 1,02%, a 35,08 reais, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent caindo 3,35%.
Petrobras (PETR3) fechou em baixa de 0,81%. A companhia convocou Assembleia Geral Extraordinária para o dia 30 de novembro para deliberar proposta de reforma de Estatuto Social, incluindo a criação de uma reserva de remuneração do capital e alteração em regras sobre a indicação de membros da alta cúpula.
A Petrobras também afirmou que planeja a construção de uma planta de energia solar para atender a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, com 11 megawatts.
Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,81%, a 27,08 reais, e Bradesco (BBDC4) perdeu 1,11%, a 14,19 reais, contamidados pela piora no sentimento no mercado, bem como preocupações com potenciais medidas que afetem a carga tributária do setor.
BTG Pactual (BPAC11) teve o pior desempenho do segmento no Ibovespa, caindo 2,25%. Em Nova York, XP INC recuou 3,6%.
Vale (VALE3) subiu 0,90%, a 68,18 reais, evitando uma queda maior do Ibovespa, depois que o contrato futuro do minério de ferro na bolsa de Dalian bateu nível psicológico chave de 900 iuanes (122,98 dólares) a tonelada métrica, impulsionado pela demanda sólida e pelo otimismo após a decisão da China de implementar estímulos fiscais.
O minério de ferro para janeiro encerrou o dia com alta de 2,51%, a 900 iuanes a tonelada, o maior valor desde 3 de abril.
Braskem (BRKM5) terminou em baixa de 5,47%, a 16,58 reais, após divulgar na última sexta-feira queda de 1% no volume de vendas de resinas no Brasil no terceiro trimestre contra um ano antes, para 884 mil toneladas.
Na base trimestral, no entanto, houve avanço de 12%. A Braskem também mostrou que a taxa média de utilização de suas centrais petroquímicas no Brasil ficou em 68% no terceiro trimestre, queda de 10 pontos percentuais contra um ano antes e recuo de 4 p.p. frente ao segundo trimestre.
Casas Bahia (BHIA3) caiu 6,25%, a 0,45 real, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) recuou 6,16%, a 1,37 real, afetadas pelo avanço das taxas futuras de juros. O índice do setor de consumo na B3 fechou o dia em baixa de 1,53%.
Usiminas (USIM5) valorizou-se 4,49%, a 6,51 reais. O BTG Pactual sugeriu, em relatório, a cobertura de posições vendidas, citando preço das ações significativamente mais baixo, obras de manutenção bem encaminhadas, uma mudança no controle da gestão e melhor geração de fluxo de caixa livre.
CCR (CCRO3) encerrou em alta de 2,54%, a 12,11 reais, após o JPMorgan elevar a recomendação do papel para “overweight” ante “neutra”, com preço-alvo de 16 reais para o final de 2024 de 15,5 reais para o final de 2023.
Os analisas do banco mantiveram Ecorodovias com classificação “neutra”, mas o preço-alvo passou de 8,5 para 9 reais. Ecorodovias (ECOR3) subiu 0,29%, a 7,02 reais.
Natura (NTCO3) recuou 0,32%, a 12,45 reais, distante da máxima, quando chegou a 12,96 reais, após a fabricante de cosméticos anunciar mais cedo que firmou acordo de exclusividade com o Aurelius Investment Advisory Limited para uma potencial venda da The Body Shop.
Na véspera, uma fonte familiarizada com as negociações disse à Reuters que, se concluído, a expectativa é de que o negócio avalie a rede a um valor inferior aos 400 milhões a 500 milhões de libras (485,20 milhões a 606,50 milhões de dólares) sugeridos na mídia