O Ibovespa (IBOV) fechou com um acréscimo discreto nesta quinta-feira, com ações de empresas sensíveis a juros entre os destaques positivos, em um pregão marcado por viés de baixa nas taxas dos contratos de DI, enquanto Sabesp (SBSP3) recuou após mais um avanço em direção da privatização da maior empresa de saneamento do país.
Investidores aguardam definições no front fiscal, entre elas a votação de medida provisória que trata da isenção tributária para a subvenção de investimentos, novamente adiada, assim como novos sinais sobre o ritmo da economia norte-americana, com dados do mercado de trabalho previstos para a sexta-feira.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,31%, a 126.009,57 pontos. Na máxima do dia, chegou a 126.581,04 pontos. Na mínima, a 125.565,53 pontos.
O volume financeiro somou 20,6 bilhões de reais.
Na visão do CEO da gestora Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, o comportamento “de lado” da bolsa é explicado pela ansiedade com a aprovação da MP das subvenções de investimentos, uma das mais importantes na busca do governo por recursos para tentar cumprir a meta de zerar o déficit primário de 2024.
A votação da medida provisória 1185, que trata da isenção tributária para a subvenção de investimentos, estava inicialmente prevista para a quarta-feira, mas acabou sendo adiada para esta quinta e agora foi novamente postergada para a próxima terça-feira sem que seu relatório tenha sido apresentado ainda.
A MP busca regulamentar decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) segundo a qual créditos fiscais concedidos por Estados e Distrito Federal devem ser incluídos na base de cálculo do IRPJ e CSLL, arrecadados pela União.
Mais cedo, ao chegar ao Ministério da Fazenda, Haddad disse a jornalistas que o governo concordou em conceder um desconto às empresas afetadas em caso de aprovação da MP e confirmou que a medida provisória também incorporará propostas de mudanças no mecanismo de Juros Sobre Capital Próprio (JCP).
“Tida como o calcanhar de aquiles deste governo, a responsabilidade fiscal é extremamente importante para que haja a continuidade da queda dos juros, o que impulsiona o mercado de renda variável”, afirmou Gonçalvez.
No exterior, Wall Street fechou no azul, com agentes financeiros se preparando para dados do mercado de trabalho norte-americano que devem ajudar a calibrar as apostas para os próximos movimentos do Federal Reserve, particularmente sobre quando começará a redução dos juros nos Estados Unidos.
Destaques
Grupo Soma (SOMA3) fechou em alta de 5,68%, a 6,88 reais, capitaneando as altas de empresas de varejo de vestuário, com Arezzo (ARZZ3) subindo 2,24%, Alpargatas (ALPA4) valorizando-se 1,24% e Lojas Renner (LREN3) mostrando acréscimo de 1,47%.
No varejo eletrônico, Magazine Luiza (MGLU3) subiu 4,15%, mas Casas Bahia (BHIA3) encerrou em queda de 1,85%.
Cyrela (CYRE3) subiu 4,74%, a 23,00 reais, também endossada pelo cenário para os juros, com o índice do setor imobiliário na B3 (B3SA3) encerrando com alta de 1,9%.
GPA (PCAR3) avançou 2,51%, a 4,08 reais, no terceiro pregão seguido de alta. Na véspera, executivos reforçaram ‘guidance’ de melhora na margem Ebitda no próximo ano, que veem como um componente para ajudar nos planos de reduzir significativamente a alavancagem, assim como o processo de venda de ativos.
No varejo alimentar, Carrefour Brasil (CRFB3) caiu 0,7% e Assaí (ASAI3) cedeu 0,49%.
Cogna (COGN3) terminou em alta de 2,17%, a 3,30 reais, em sessão com Investor Day do grupo de educação, no qual o CEO afirmou que a empresa deve bater “com tranquilidade” 1 bilhão de reais em geração de caixa operacional em 2024.
A Cogna também revisou projeção para Ebitda recorrente no próximo ano, de 2,4 bilhões de reais para a faixa de 2,1 bilhões a 2,4 bilhões de reais. No setor, Yduqs (YDUQ3) subiu 4,75%.
GOL (GOLL4) valorizou-se 3,91%, a 8,76 reais, também entre as maiores altas, enquanto Azul (AZUL4) ganhou 3,37%, a 16,85 reais.
Usiminas (USIM5) fechou com elevação de 0,97%, a 8,37 reais, em pregão marcado por evento da empresa com analistas e investidores, no qual o CFO afirmou que a companhia está avaliando a possibilidade de paralisar a produção de um de seus dois altos-fornos menores na usina de Ipatinga (MG), sem desligá-los totalmente, diante da situação do mercado interno com importações elevadas e demanda morna.
Engie Brasil (EGIE3) cedeu 2,69%, a 43,37 reais, tendo no radar relatório de analistas do Citi divulgado após o fechamento na véspera cortando a recomendação dos papéis para “venda”, embora tenham elevado preço-alvo de 38 para 39 reais.
Sabesp (SBSP3) recuou 1,52%, a 67,94 reais, no primeiro pregão após a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovar projeto de lei que concede autorização para privatização da maior companhia de saneamento básico e distribuição de água encanada do Brasil. Em 2023, a ação sobe mais de 20%.
Vale (VALE3) subiu 0,32%, a 72,60 reais, conforme os futuros do minério de ferro avançaram na China, com o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) subindo 3,9%.
Agentes do mercado reagiram a números otimistas de exportação da China e notícias positivas dos principais produtores do minério.
Petrobras (PETR4) recuou 0,24%, a 33,42 reais, após sessão volátil, acompanhando a indefinição dos preços do petróleo durante o dia.
A companhia reduzirá em 6,7% o preço médio do diesel em suas refinarias a partir de sexta-feira, enquanto manteve estável o valor da gasolina, em meio a um contínuo recuo dos preços do petróleo no mercado internacional.
Também no radar, o Tribunal de Contas da União (TCU) revogou medida cautelar que impedia o registro de determinadas alterações no estatuto da estatal, realizadas em reforma do texto que flexibilizou a chance de indicações de políticos para membros da alta cúpula.
Itaú Unibanco (ITUB4) ganhou 0,99%, a 31,62 reais, Bradesco (BBDC4) subiu 0,25%, a 16,20 reais, conforme agentes continuam monitorando movimentações com potenciais efeitos na tributação do setor.
Fontes afirmaram à Reuters na véspera que o governo deu aval para o Congresso desidratar regras propostas para Juros sobre Capital Próprio (JCP), que devem ser incorporadas à MP para regulamentar subvenções.