O Ibovespa (IBOV) fechou em leve queda nesta terça-feira, após série de quatro avanços seguidos, em movimento que acompanhou o recuo tímido dos principais índices em Wall Street, em sessão marcada pela divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed).
Petrobras (PETR4) e ações do setor financeiro ficaram entre as principais pressões de baixa ao Ibovespa, enquanto Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) ajudaram a limitar as perdas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em queda de 0,26%, a 125.626,03 pontos, após encerrar na véspera no maior patamar de fechamento desde julho de 2021.
O volume financeiro da sessão somou 22,7 bilhões de reais.
“O Ibovespa trabalhou em território negativo o dia todo influenciado pelas petroquímicas e (setor) financeiro”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acrescentando que agentes de mercado aguardaram pela ata do Fed, que, na visão dele, veio sem surpresas.
Na ata referente à reunião de 31 de outubro e 1° de novembro, autoridades do Fed concordaram em adotar uma abordagem cautelosa à frente para a taxa básica de juros dos Estados Unidos, e disseram que só precisarão aumentá-la “se” as informações recebidas mostrarem progresso insuficiente na redução da inflação.
O S&P 500, que já caía antes da ata, manteve a desvalorização e fechou em queda de 0,20%.
“Acredito que a ata do Fomc teve um tom cauteloso”, disse Luciano França, sócio-fundador da Avantgarde Asset Management, ressaltando que o documento não teve impacto relevante no mercado acionário local.
Em comentário a clientes, Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, disse que o pouco impacto nos mercados vem após uma série de dados entre a decisão no início do mês, quando os juros foram mantidos, e a publicação da ata.
“Desde a decisão do Fed, já ouve um alívio significativo das taxas de juros de mercado e uma melhora nos dados de inflação, invalidando boa parte dos argumentos da ata”, disse Borsoi.
Localmente, a terça-feira teve declarações de diversas autoridades, incluindo do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que disse ver a inflação do país convergindo para a meta em meio a dados, na visão dele, positivos.
Além disso, o Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção de crescimento econômico do Brasil em 2023 e 2024.
No front fiscal, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação do projeto que muda a forma de tributação de fundos exclusivos e offshore para quarta-feira, após um pedido de vista da oposição, enquanto seis Estados anunciaram elevação da alíquota do ICMS, em um indicativo de que a reforma tributária ainda em tramitação no Congresso está longe de uma definição.
Destaques
Vale (VALE3) subiu 2,42%, a 77,9 reais, tendo de pano de fundo a alta dos futuros do minério de ferro na Ásia. O contrato mais negociado em Cingapura subiu 1,34%, para 132,85 dólares a tonelada, o maior valor desde 15 de março.
O Goldman Sachs também elevou a recomendação do ADR da Vale para “compra”, bem como o preço-alvo de 12,20 para 19,50 dólares.
Petrobras (PETR4) recuou 0,65%, a 36,5 reais, enquanto agentes financeiros seguiram atentos a ruídos envolvendo eventual mudança no controle da estatal.
Nesta terça-feira, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, disse após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que terá novo encontro com ele na quarta-feira para discutir o plano estratégico 2024-2028 da petrolífera, e que não houve pedidos do governo para baixar os preços dos combustíveis.
A Reuters publicou, na véspera, que integrantes do governo têm conversado sobre uma possível substituição de Prates. O Palácio do Planalto disse que não procede a informação sobre troca do CEO.
Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,16%, a 30,7 reais, e Bradesco (BBDC4) caiu 0,39%, a 15,41 reais.
Marfrig (MRFG3) ganhou 1,93%, a 8,43 reais, após seu Conselho de Administração da Marfrig aprovar novo plano de recompra de até 31 milhões de ações.
Magazine Luiza (MGLU3) perdeu 6,58%, a 2,13 reais. Em novembro, até a véspera, acumulava alta de mais de 70%.
Americanas (AMER3), que não está no Ibovespa, avançou 16,83%, a 1,18 real, em meio a expectativas de um acordo da varejista em recuperação judicial com bancos credores, embora a companhia tenha afirmado que não é possível estabelecer prazo para um potencial acerto.