O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de mais de 2% e renovou máximas desde meados de 2021, nesta quarta-feira, após o Federal Reserve sinalizar que o aperto histórico da política monetária nos Estados Unidos chegou ao fim e cortes devem ocorrer em 2024.
Ainda nesta quarta, também será conhecido o desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, com as expectativas no mercado apontando para um corte de 0,50 ponto percentual na Selic, para 11,75% ao ano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,42%, a 129.465,08 pontos, maior patamar de fechamento desde 24 de junho de 2021, aproximando-se das suas máximas históricas de 130.776,27 pontos para o fechamento e de 131.190,30 pontos no intradia, ambas de 7 de junho de 2021.
No melhor momento desta quarta-feira, o Ibovespa chegou a 129.793,35 pontos. Na mínima, foi a 126.298,76 pontos, em pregão também marcado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro. O volume financeiro somou 44,5 bilhões de reais.
O banco central norte-americano confirmou as expectativas do mercado e manteve o juro entre 5,25% e 5,50% ao ano, enquanto 17 dos 19 formuladores de política monetária do Fed projetam que a taxa estará mais baixa até o final de 2024 do que agora.
Ainda, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o BC dos EUA provavelmente já terminou de aumentar os juros e afirmou que eles estão muito focados em não cometer o erro de manter as taxas altas por tempo demais.
De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, o Fed surpreendeu o mercado com uma revisão das projeções de juros para o final de 2024 agora incorporando a quedas na taxa para o fim do próximo ano.
“Mais e mais vemos o cenário de redução de juros se materializar e a grande questão agora reside mais em quando e quanto serão esses possíveis cortes de juros”, afirmou.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 1,37%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,0258%, de 4,206% na véspera.
Apostas de que o ciclo de alta dos juros nos EUA estava perto do fim embalaram a bolsa paulista em novembro, quando o Ibovespa acumulou alta de 12,5%, maior ganho mensal em três anos, em meio ao fluxo expressivo de capital externo.
Em dezembro, até o momento, o Ibovespa contabiliza um avanço de quase 1,7%.
Destaques
Itaú Unibanco (ITUB4) fechou em alta de 3,03%, a 32,60 reais, e Bradesco (BBDC4) valorizou-se 4,37%, a 16,96 reais, embalados pelo forte apetite a risco, mas também pelo parecer apresentado nesta quarta-feira pelo relator da medida provisória que regulamenta subvenções, que trouxe uma regra mais frouxa envolvendo mudanças prometidas no mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP). Fontes afirmaram à Reuters que a votação da MP deve avançar na quinta-feira em uma comissão mista do Congresso.
Magazine Luiza (MGLU3) saltou 10,96%, a 2,53 reais, com papéis de empresas sensíveis a taxas de juros como um todo valorizando-se na bolsa paulista.
O índice do setor de consumo avançou 4,16%, enquanto o do setor imobiliário subiu 3,81%. MRV (MRVE3) disparou 8,23%, a 10,39 reais
Petrobras (PETR4) terminou com elevação de 1,44%, a 34,57 reais, respaldada pelo avanço dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent fechou negociado em alta de 1,39%, a 74,26 dólares o barril.
O pregão também foi marcado por leilão de concessão de áreas de petróleo e gás no país, em que a Petrobras arrematou 29 blocos na bacia de Pelotas, uma nova fronteira exploratória, todos como operadora e tendo a Shell como parceira.
Em três, a chinesa CNOOC também integrou o consórcio.
Vale (VALE3) registrou um acréscimo de apenas 0,01%, a 73,00 reais, em dia de fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou o dia em queda de 1,35%, a 948 iuanes (131,94 dólares) a tonelada.
BB Seguridade (BBSE3) caiu 0,51%, a 31,05 reais, entre as poucas quedas da sessão. Além de ser um papel de perfil mais defensivo, atrativo em momento de menor apetite a risco, analistas do JPMorgan também cortaram a recomendação das ações para “neutra” ante “compra”, com preço-alvo de 38 reais.
SLC Agrícola (SLCE3) cedeu 0,82%, a 38,53 reais, no segundo pregão seguido de queda, conforme agentes financeiros continuam analisando previsões sobre a safra do Brasil, com algumas áreas afetadas pelo El Niño.
No começo do mês, a SLC cortou projeção da área total plantada na safra 2023/2024.
Ainda, após o fechamento, a companhia divulgou que seus acionistas aprovaram o desdobramento de suas ações na proporção de 1 para 2, a fim de aumentar a liquidez dos papéis.