O Ibovespa (IBOV) fechou com uma variação discreta nesta segunda-feira, refletindo ajustes de posições, com agentes financeiros se preparando para eventos relevantes na semana, com destaque para as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, principalmente os sinais sobre os próximos movimentos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,14%, a 126.916,41 pontos. Na máxima do dia, chegou a 127.153,64 pontos. Na mínima, a 126.526,12 pontos. O volume financeiro somou 16,3 bilhões de reais.
Após acumular uma alta de 12,5% em novembro, maior ganho mensal em três anos, o Ibovespa está praticamente no zero a zero em dezembro, com variação negativa de 0,33%.
De acordo com análise gráfica da equipe do BB Investimentos, após ter fechado a primeira semana de dezembro no maior patamar desde julho de 2021, o Ibovespa “realizou” pela primeira vez em sete semanas, aliviando alguns indicadores, mas se mantendo acima do suporte mais imediato, ao redor dos 126 mil pontos.
A agenda dos próximos dias pode ditar a direção até o final do ano, com o banco central dos EUA anunciando na quarta-feira o desfecho de sua reunião de política monetária, acompanhado de projeções para a economia norte-americana, incluindo chamados “dots”, que sinalizam as perspectivas em relação aos juros.
A coletiva do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na sequência do anúncio da decisão também será monitorada, uma vez que, embora as previsões apontem manutenção do juros em 5,25% a 5,50% no dia 13, permanecem dúvidas sobre os próximos passos, principalmente quando o Fed começaria a cortar a taxa.
Para a equipe da Azimut Brasil Wealth Management, o Fed deve reconhecer a melhoria do cenário, mas manter posição de cautela procurando atenuar o ímpeto dos mercados com relação ao ciclo de cortes. “Nessa linha, julgamos pouco provável que as projeções (SEP) mostrem uma trajetória agressiva de cortes em 2024.”
Antes da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), os holofotes estarão voltados para dados de inflação ao consumidor nos EUA na terça-feira.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,39%, a 4.622,44 pontos, renovando máxima do ano.
Também na quarta-feira, o BC brasileiro anuncia o desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com as previsões no mercado apontando mais um corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano.
Na visão de economistas da XP chefiados por Caio Megale, que acompanham a previsão do consenso, desde a última reunião do Copom, as notícias foram, em termos líquidos, benignas para a inflação de curto prazo, declínio contínuo da inflação corrente e queda das taxas de juros mais longas nos países desenvolvidos.
“Acreditamos que o Copom irá ajustar levemente o comunicado pós-reunião para incorporar essa melhora. Como consequência, acreditamos que o mercado lerá a mensagem como mais suave (‘dovish’, no jargão em inglês)”, afirmaram em relatório enviado a clientes.
“Isto posto, entendemos que o colegiado optará por manter a orientação futura (forward guidance) que vem sendo dada nas últimas reuniões, repetindo que ‘os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões.”
Assim como nos EUA, a decisão do Copom será antecedida pela divulgação de dado de inflação ao consumidor na terça-feira, no caso, o IPCA.
O calendário de decisões de política monetária da semana ainda incluem o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra.
Destaques
GPA (PCAR3) caiu 6,70%, a 4,04 reais, após anúncio de que contratou bancos de olho em uma potencial oferta primária de papéis da companhia da ordem de 1 bilhão de reais, bem como propôs uma nova formação para o conselho de administração.
Dado o valor de mercado da empresa, de 1,17 bilhão de reais, o follow-on tem uma diluição potencial de cerca de 50% para os acionistas.
As ações vinham de quatro altas seguidas, período em que subiram 13%. No pior momento, mais cedo, os papéis chegaram a cair mais de 11%.
Braskem (BRKM5) perdeu 4,71%, a 16,80 reais, após rompimento na mina 18 da petroquímica em Maceió.
A companhia avalia pedido de revisão de uma acordo de 1,7 bilhão de reais assinado com a prefeitura da capital de Alagoas de compensação por danos com o afundamento do solo da cidade, enquanto o senador Renan Calheiros, autor de requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, afirmou que a instalação da CPI foi convocada para terça-feira.
Alagoas também entrou na Justiça para desapropriar área atingida pelo afundamento da mina da empresa.
B3 (B3SA3) valorizou-se 2,88%, a 13,93 reais, oferecendo um contrapeso relevante à pressão negativa no Ibovespa, dando continuidade à recuperação após uma forte correção de baixa do final de julho até outubro.
A empresa realiza na terça-feira evento com analistas e investidores. Na semana passada, a B3 divulgou projeções, incluindo estimativa de alavancagem financeira medida pela dívida bruta sobre Ebitda recorrente dos últimos 12 meses em 2 vezes no final do próximo ano, bem como anunciou programa de recompra de até 230 milhões de ações em até 12 meses.
Magazine Luiza (MGLU3) fechou em alta de 4,69%, a 2,23 reais. Conforme publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial da União (DOU), a companhia foi certificada no programa Remessa Conforme, que isenta do Imposto de Importação compras internancionais de até 50 dólares.
A companhia também realiza na terça-feira evento sobre serviço de nuvem.
Embraer (EMBR3) subiu 2,85%, a 23,80 reais. Analistas do Santander reiteraram recomendação “outperform” para os ADRs da companhia, estabelecendo preço-alvo de 37 dólares para os papéis para o final de 2024.
Em relatório com data de domingo, eles citaram entre os argumentos “momentum” para os resultados no curto prazo e expectativa de aceleração na demanda por jatos comerciais, bem como demanda crescente de jatos executivos, potencial novas encomendas do C-390 e valuation.
Vale (VALE3) encerrou com variação positiva de 0,08%, a 72,86 reais, em dia de declínio dos futuros do minério de ferro nesta segunda-feira na China, em meio a um sentimento pessimista de investidores com dados decepcionantes da China.
O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou o dia em baixa de 0,37%.
Petrobras (PETR4) recuou 0,38%, a 34,36 reais, perdendo o fôlego da abertura mais positiva, mesmo com o avanço, embora modesto, do petróleo no exterior.
O barril de Brent fechou com variação positiva de 0,25%, a 76,03 dólares.
Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,69%, a 31,80 reais, Bradesco (BBDC4) caiu 0,79%, a 16,33 reais.