A JBS (JBSS3), maior produtora global de carnes, afirmou nesta quarta-feira que pretende migrar aos poucos o combustível de sua frota de caminhões para biodiesel puro (B100), após testes realizados pela sua unidade de transportes no Brasil indicarem “rendimento equivalente” ao diesel.
A empresa antecipou à Reuters os resultados da primeira etapa de testes no projeto para uso de biodiesel 100% em sua frota de caminhões. Os dados mostraram que um caminhão DAF 530 abastecido com o combustível renovável apresentou ainda emissão de até 80% menos gás carbônico, na comparação com veículos que usam diesel.
“Foram seis meses de operação e os resultados mostram que o uso do B100 é promissor. Os resultados iniciais evidenciam que a performance do veículo abastecido com biodiesel é equivalente ao utilizado na mesma rota com o diesel convencional, mas com impacto ambiental muito inferior”, disse o diretor comercial da JBS Biodiesel, Alexandre Pereira, em nota.
Questionada sobre detalhes dos planos para uso do biodiesel produzido pela própria companhia na frota, a empresa afirmou que, “conforme os testes forem avançando, a JBS pretende migrar gradativamente a frota para 100% biodiesel”.
“Estamos otimistas em relação ao uso do biodiesel 100% (B100) como uma alternativa segura e de alta qualidade para o uso nos caminhões em larga escala”, ressaltou o diretor da JBS Transportadora, Armando Volpe.
Com isso, a companhia deve seguir passos semelhantes ao da Amaggi, outro conglomerado do agronegócio que também tem produção de biodiesel e anunciou no ano passado a compra de 100 veículos adaptados para rodar com B100.
A JBS não detalhou um cronograma para a migração da frota para o biodiesel.
No período dos testes, o veículo utilizado pela JBS Transportadora fez a rota logística entre Lins (SP) — onde a companhia tem um complexo produtivo, incluindo usina de biodiesel — e o porto de Santos.
A JBS disse que os testes mostraram que a potência do veículo com B100 também foi equivalente em relação a caminhões que rodam com diesel convencional, que atualmente no Brasil contém uma mistura de 12% de biodiesel, antes de um aumento para B14 a partir de março.
“Os testes mostraram que o biodiesel 100% (B100) tem impacto positivo na performance, desempenho e na preservação de itens importantes do caminhão, como o motor”, disse Volpe.
Desde o início do teste, em julho de 2023, o caminhão percorreu o total de 59.938 km, transportando mais de 3,2 mil toneladas de produtos fabricados no polo industrial da JBS em Lins.
No total, foram cerca de 35 mil litros de biocombustível B100 consumidos.
A empresa afirmou também que os custos com o B100 também foram equivalentes aos registrados com o diesel tradicional.
Mas Pereira destacou que o biodiesel é um combustível mais “limpo, biodegradável e altamente eficiente no aspecto ambiental”.
Além disso, disse ele, os testes mostraram que ele é um substituto imediato do combustível fóssil e compatível com a tecnologia já existente de motores da indústria automobilística.
“Nosso objetivo é comprovar a qualidade do biodiesel como uma alternativa imediata para descarbonização da matriz energética no transporte brasileiro”, afirmou o diretor da JBS Biodiesel.
A capacidade instalada da JBS Biodiesel é de cerca de 785 milhões de litros por ano, pouco mais de 10% do volume do biocombustível produzido no Brasil em 2023.