O Mercado Livre (MELI; MELI34) divulgou nesta quinta-feira lucro estável no quarto trimestre em comparação com um ano antes, à medida que o efeito positivo de maiores vendas contrabalanceou impactos fiscais.
A empresa registrou lucro líquido de 165 milhões de dólares, prejudicada por duas provisões no Brasil que totalizaram 351 milhões de dólares, em linha com o lucro reportado no mesmo período em 2022, mas abaixo dos 356 milhões de dólares estimados por analistas consultados pela LSEG.
A empresa disse, contudo, que essas provisões não devem exercer impacto significativo de caixa futuramente.
O vice-presidente sênior de Estratégia, RI e Sustentabilidade da empresa, Andre Chaves, disse à Reuters que tratam-se de casos já conhecidos do mercado. As provisões têm relação com decisões judiciais sobre o Diferencial de Alíquota do ICMS (Difal) e remessas à Argentina.
Excluindo esses itens não recorrentes, o lucro líquido do Mercado Livre teria superado as previsões da LSEG, a 383 milhões de dólares.
A companhia teve receita líquida trimestral 42% superior a um ano antes, a 4,26 bilhões de dólares, o que elevou seu resultado operacional medido pelo Ebit excluindo itens não recorrentes para 572 milhões de dólares, ante 322 milhões de dólares em 2022.
As vendas no seu maior mercado, o Brasil, aumentaram 35% em termos de volume bruto de mercadorias (GMV).
Analistas esperavam receita líquida menor, de 4,12 bilhões de dólares.
O Mercado Livre tem demonstrado um forte desempenho nos últimos trimestres, mas analistas questionam a capacidade da empresa de manter seu ritmo de crescimento com rentabilidade.
A margem operacional trimestral da empresa, desconsiderando os itens não recorrentes, ficou em 13,4% no período, de 18,2% no terceiro trimestre, mas devido aos ajustes, não estava claro o quão comparáveis esses números eram.
“Sazonalmente, no quarto trimestre a gente sempre tem compressão de margem”, disse Chaves, ressaltando que a empresa foi afetada por fatores como maiores gastos em períodos promocionais, como a Black Friday no Brasil e o Buen Fin no México.
O Brasil representa mais da metade da receita líquida da empresa, enquanto Argentina e México contribuem com cerca de um quinto cada. Na área de fintech da empresa, o Mercado Pago, a receita líquida trimestral cresceu 34% ano a ano.