O dólar (USDBLR) passou a cair frente ao real na manhã desta terça-feira, com movimentos técnicos e alívio de temores fiscais compensando a valorização da divisa norte-americana no exterior diante de redução do otimismo sobre os próximos passos do Federal Reserve.
Depois de abrir em alta acentuada frente ao real, o dólar passou a operar no vermelho já na primeira hora de negócios e caía 0,4%, a 4,8695 reais na venda, por volta de 11h10 (de Brasília).
Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, disse que a retração do dólar refletia movimento técnico de vendas da moeda por parte de agentes exportadores.
Além disso, alguns operadores citaram redução de temores sobre a saúde fiscal do país, depois que a Folha de S. Paulo informou em reportagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou o envio nesta semana de uma mensagem para modificar a proposta de meta fiscal de 2024. A decisão daria mais tempo ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar convencer o restante do governo a postergar uma eventual flexibilização do objetivo fiscal.
A queda do dólar no mercado doméstico estava na contramão do comportamento visto no exterior, onde o índice da divisa norte-americana contra uma cesta de pares fortes subia 0,45%.
Ajudando a conter o bom humor dos mercados globais, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse na segunda-feira que o banco central dos EUA provavelmente terá mais trabalho pela frente para controlar a inflação.
“Naturalmente, essa fala corrobora a posição da grande maioria dos dirigentes do Fed de que as taxas se manterão contracionistas por tempo prolongado na maior economia do mundo, gerando algum desconforto no mercado de ações e fortalecendo o dólar na falta de outros catalisadores nesta manhã”, disse equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.
Na semana passada, o dólar havia despencado e as ações globais, saltado, uma vez que o comunicado de política monetária do Fed foi mais brando do que o esperado e dados de emprego fracos dos Estados Unidos corroboraram expectativas de que o banco central norte-americano não elevará mais os custos dos empréstimos.
Operadores de câmbio chamaram a atenção ainda nesta segunda-feira para um dia fraco para as commodities, após dados decepcionantes sobre a balança comercial da China.
De volta ao âmbito doméstico, o Banco Central avaliou na ata de sua última reunião que cresceu a incerteza sobre a capacidade do governo em cumprir as metas fiscais estabelecidas e defendeu que os objetivos para as contas públicas sejam buscados com firmeza.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8872 reais na venda, em baixa de 0,20%.