A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por suspeita de fraude no cartão de vacinação, disseram fontes com conhecimento do assunto à Reuters nesta terça-feira, em mais um problema jurídico para o ex-presidente.
Segundo uma das fontes, o relatório da investigação elaborado pela PF foi encaminhado pela corporação ao Supremo Tribunal Federal.
Além de Bolsonaro, também foi indiciado o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente, preso em maio do ano passado no âmbito das investigações sobre possível fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e aliados. Ele firmou acordo de delação premiada homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Segundo as fontes, Bolsonaro foi indiciado pelo crime de inserção de dados falsos no Sistema Único de Saúde (SUS) e por associação criminosa.
No início deste mês, fontes ligadas a investigações que envolvem Bolsonaro disseram à Reuters que já discutiam o indiciamento do ex-presidente nos inquéritos que, além da suposta fraude no cartão de vacinação, apuram ainda a apropriação indevida por Bolsonaro de joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita e uma tentativa de golpe de Estado.
O indiciamento abriria caminho para Bolsonaro ser denunciado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Se a acusação for aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele terá de responder a processo criminal que pode levá-lo à prisão, em caso de condenação.
Fraude no cartão
No caso da investigação sobre fraude no cartão de vacinação, os investigadores apuram se foram inseridas informações falsas nos documentos de Bolsonaro e de pessoas próximas sobre a imunização contra a Covid-19.
Procurado pela Reuters, Bolsonaro reiterou não ter tomado a vacina contra a Covid-19 e disse estar tranquilo.
“É uma investigação seletiva. Estou tranquilo, não devo nada”, disse o ex-presidente. “O mundo sabe que eu não tomei vacina”, acrescentou ele, que durante a pandemia criticou por várias vezes a imunização contra a Covid-19, doença que matou 700 mil pessoas no Brasil.
Em publicação no X, o advogado Fábio Wajngarten, que representa Bolsonaro e foi chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência na gestão do ex-presidente, criticou o que chamou de “vazamentos” em relação a investigações sobre Bolsonaro.
“Vazamentos continuam aos montes, ou melhor, aos litros. É lamentável quando a autoridade usa a imprensa para comunicar ato formal que logicamente deveria ter revestimento técnico e procedimental ao invés de midiático e parcial”, escreveu.