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Preço do adubo volta a subir, mas relação com soja favorece agricultor no Brasil

Em julho, o preço da soja apresentou alta de 6,7%, impulsionada principalmente pela redução na estimativa de área plantada nos Estados Unidos

by Reuters
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Os preços dos fertilizantes voltaram a subir em julho enquanto produtores no Brasil se preparam para o plantio da safra de soja 2023/24, mas ganhos no valor da commodity deixaram a relação de troca insumo/produto agrícola ainda bastante favorável para os agricultores, segundo levantamentos divulgados nesta sexta-feira.

O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF), elaborado pela Mosaic, apontou 0,87 em julho, mesmo patamar registrado no mês anterior, mantendo-se na situação mais favorável aos agricultores desde o início de 2021.

Quanto menor do que 1, maior o poder de compra do produtor, segundo a metodologia do IPCF, que leva em conta também milho, açúcar, etanol e algodão. Em julho do ano passado, em meio à disparada dos preços dos fertilizantes como desdobramento da guerra na Ucrânia, o indicador atingiu 1,85, praticamente o dobro do patamar atual.

Em julho, o preço da soja apresentou alta de 6,7%, impulsionada principalmente pela redução na estimativa de área plantada nos Estados Unidos, disse a Mosaic em nota.

Por outro lado, os preços dos fertilizantes registraram aumento médio de 5% em relação a junho.

“Assim, mesmo com as oscilações nos preços das commodities e dos fertilizantes, o indicador permanece como o menor de 2023; e o cenário se mantém favorável ao agricultor, permitindo uma boa relação de troca”, afirmou a análise da Mosaic, que citou também queda no preço de alguns produtos agrícolas, como cana-de-açúcar (-7,6%), algodão (-2%) e milho (-0,3%).

“Com a aproximação do período de plantio e os bons índices recorrentes no poder de compra de fertilizantes, o setor está mais aquecido, com o agricultor brasileiro se planejando para adquirir e receber os insumos com antecedência e evitar gargalos logísticos”, acrescentou a Mosaic.

As entregas de fertilizantes no Brasil deram um salto de 21,9% em maio na comparação anual, somando quase 4 milhões de toneladas, tornando indicador de consumo positivo no acumulado do ano, informou Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) nesta semana. Até abril, o dado acumulava queda no ano de 4,4%.

Análise divulgada nesta sexta-feira pelo Itaú BBA também notou que os preços dos fertilizantes “reagiram nas últimas semanas com aumento da demanda internacional, após longo período em queda”.

Contudo, a relação de troca de fertilizantes com a soja é uma das mais atrativas dos últimos anos, “mesmo com o avanço das cotações dos insumos nas últimas semanas”.

No fertilizante MAP (fosfato monoamônico) e cloreto de potássio (KCl), o indicador segue abaixo das mínimas históricas dos últimos cinco anos, disse o Itaú BBA.

“A relação de troca futura também está atrativa em comparação com as médias das safras anteriores”, afirmou o banco, apontando no MAP relação de 16,32 sacas de soja por tonelada de produto, ante 30,82 na temporada anterior.

Para o KCl, o produtor gastaria 11,61 sacas de soja por tonelada do insumo, versus 30,78 na safra anterior, segundo o estudo do Itaú BBA.

A queda de insumos agrícolas como fertilizantes deverá favorecer as margens dos produtores de soja do Brasil na nova safra, afirmou a consultoria Céleres em relatório nesta semana, apesar de os preços da commodity estarem mais baixos que no ano passado.

A safra de soja do Brasil em 2023/2024 deve alcançar recorde de 165,9 milhões de toneladas, crescimento de 5,5% ante a temporada anterior, com expectativa de ganhos na produtividade média e um aumento mais “modesto” na área plantada, disse a Céleres.

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