O Projeto de Lei (PL) da depreciação acelerada, que prevê incentivos à modernização do parque fabril brasileiro em 2024, pode resultar em investimento adicional de 20 bilhões de reais, estimam analistas do Bradesco BBI, conforme relatório enviado a clientes nesta terça-feira.
A proposta, encaminhada ao Congresso pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último sábado, prevê, em um primeiro momento, 3,4 bilhões de reais para o programa, que busca incentivar a compra de máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos.
O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, disse no domingo que o objetivo da iniciativa é “buscar produtividade, buscar competitividade, buscar eficiência, e, de outro lado, estimular investimentos”.
A equipe do Bradesco BBI disse que o projeto enviado tem modificações relevantes em comparação com o programa preliminar. Inicialmente, citou, a expectativa era depreciar totalmente o capex em um ano e não em dois anos como proposto agora.
“De acordo com nossas estimativas, o limite de 3,4 bilhões de reais em benefícios fiscais para o programa de depreciação acelerada em 2024 poderia resultar em 20 bilhões de reais em investimentos adicionais”, afirmaram Victor Mizusaki e equipe.
Eles acrescentam que, mesmo se esse programa resultar em um efeito de pré-compra, considerando a informação da Fiesp de que o setor industrial investiu cerca de 120 bilhões de reais em 2021, seria necessário elevar isso a 456 bilhões de reais em 7 a 10 anos para reduzir a disparidade de produtividade com os EUA.
A depreciação acelerada é um mecanismo que funciona como antecipação de receita para as empresas. Toda vez que adquire um bem de capital, a indústria pode abater seu valor nas declarações futuras de IRPJ e de CSLL.
Em condições normais, esse abatimento é feito em até 25 anos, conforme o bem vai se depreciando. Com a depreciação acelerada prevista no PL, o abatimento das máquinas adquiridas em 2024 poderá ser feito em apenas duas etapas – 50% no primeiro ano, 50% no segundo.
No relatório enviado a clientes nesta terça-feira, os analistas do Bradesco BBI estimam que, assumindo que o programa só estará ativo em 2024, Tupy e Randon deverão ser as ações mais beneficiadas.
Mizusaki e equipe também avaliam que WEG poderá se beneficiar do aumento da demanda por motores elétricos.