O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta quinta-feira que não enxerga uma crise na Petrobras (PETR3; PETR4) em torno da decisão do conselho da empresa neste mês de reter os recursos disponíveis para dividendos extraordinários, criticando a tentativa de se criar uma instabilidade “artificial” na estatal.
“Eu quero me mostrar perplexo com o que muitos veículos de imprensa chamam de crise na Petrobras… Eu não vejo crise alguma, acho que isso é um negócio absolutamente artificial”, disse o ministro em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, do CanalGov.
Costa exaltou o fato de a Petrobras ter registrado o seu segundo maior lucro líquido da história no ano passado, apesar da queda em relação ao ano anterior, e defendeu a decisão do conselho em não distribuir dividendos extraordinários como uma forma de defender a empresa.
Ele também ironizou o fato de participantes do mercado financeiro cobrarem “de forma legítima e correta” mais previsibilidade e segurança jurídica do governo mas criticarem a decisão do conselho da Petrobras, que já estaria prevista em regras estabelecidas no ano passado sobre a mudança na política de dividendos da empresa.
“A forma, os critérios e a regra da divisão de dividendos foi definida no início do ano passado… isso se chama previsibilidade. Divulgou e cumpriu”, afirmou.
No início neste mês, o conselho da Petrobras decidiu reter 100% dos cerca de 44 bilhões de reais possíveis de dividendos extraordinários, referente ao exercício de 2023, em uma reserva estatutária recém-criada pela companhia.
Na reunião do conselho, o colegiado aprovou apenas a remuneração ordinária, no montante de 14,2 bilhões de reais, referente ao quarto trimestre, somando dividendos totais do exercício de 2023 de 72,4 bilhões de reais.
A Petrobras chegou a perder mais de 55 bilhões de reais em valor de mercado após frustar investidores ao não anunciar os dividendos extras com a divulgação do resultado trimestral.
No ano de 2023, o lucro líquido da Petrobras caiu 33,8% ante o recorde registrado no ano anterior, para 124,6 bilhões de reais, diante de um recuo de 18% do valor do petróleo tipo Brent. Apesar da queda, o montante foi o segundo mais alto da história da companhia.
Comunicado do Governo
Na entrevista, Costa reconheceu que a comunicação do governo com a população “sempre pode e deve melhorar”, mas ponderou que a maior diversidade de meios comunicacionais existentes na atualidade dificultou o processo de divulgação das atividades do Estado.
“A comunicação hoje é mais difícil de ser feita do que era talvez há trinta anos atrás. Há uma diversidade maior dos veículos e das formas das pessoas acessarem a comunicação”, disse o ministro.
Ele afirmou que o governo precisa preencher “as várias lacunas” de acesso à comunicação que surgiram com o desenvolvimento das redes sociais e indicou que é uma cobrança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que os ministérios informem as ações do governo.
“Toda a pessoa pública tem a obrigação e o dever de estar informando a população sobre o que está fazendo.”