A Uefa e a Fifa violaram a lei da União Europeia ao impedir a formação de uma Superliga, afirmou o Tribunal de Justiça do bloco nesta quinta-feira, em uma decisão histórica que pode mudar a forma como o futebol é administrado no continente.
Os clubes europeus que propuseram a formação da liga, que provocou protestos generalizados entre torcedores furiosos, foram ameaçados com sanções pela Uefa caso levassem o plano adiante, o que levou nove clubes a se retirarem do projeto.
Em sua decisão, o tribunal superior da UE disse que a Fifa e a Uefa abusaram de sua posição dominante ao proibir os clubes de competir em uma Superliga Europeia, embora o projeto ainda possa não ser aprovado, pois a corte não se pronunciou especificamente sobre ele.
A Uefa organiza competições europeias há quase 70 anos e vê o projeto da Superliga como uma ameaça significativa à sua lucrativa Liga dos Campeões, para a qual as equipes se classificam por mérito, de acordo com o desempenho na liga nacional.
Real Madrid, Barcelona, Juventus e nove outros grandes clubes europeus anunciaram o plano de separação em abril de 2021.
Mas a iniciativa fracassou em 48 horas depois que um clamor de torcedores, governos e jogadores forçou Manchester United, Liverpool, Manchester City, Chelsea, Tottenham, Arsenal, Milan, Inter de Milão e Atlético de Madri a se retirarem.
A empresa de desenvolvimento esportivo A22, formada para auxiliar na criação da Superliga, alegou que a Uefa e a Fifa, órgão regulador do futebol mundial, detinham uma posição de monopólio que violava a Lei de Concorrência e Livre Circulação da União Europeia.
“Conquistamos o direito de competir. O monopólio da Uefa acabou. O futebol é livre”, disse o presidente-executivo da A22, Bernd Reichart.
“Os clubes agora estão livres da ameaça de sanção e livres para determinar seus próprios futuros”, acrescentou Reichart em um comunicado.
A A22 divulgou planos para uma nova competição logo após o veredicto, que contaria com 64 equipes masculinas e 32 equipes femininas competindo em uma liga no meio da semana, ameaçando a Liga dos Campeões.
A Uefa disse que a decisão não significava um endosso ou validação da Superliga e que ela havia resolvido uma deficiência que havia sido destacada em sua própria estrutura.
“A Uefa está confiante na robustez de suas novas regras e, especificamente, que elas estão em conformidade com todas as leis e regulamentos europeus relevantes”, acrescentou em um comunicado.
A Fifa disse que analisará a decisão em coordenação com a Uefa, outras confederações e as federações afiliadas antes de fazer mais comentários.