Beto comenta: “Navarro, tudo jóia? Parabéns pelos excelentes artigos e por tanta paciência. Rapaz, andei pensando sobre algumas opções mais arriscadas de investimento e confesso que estou preocupado. Não pareço ser daqueles com estômago capaz de suportar altas e baixas temporadas quando o assunto é patrimônio financeiro. Será que consegue me ajudar? Há algum tipo de limite para o risco ou mesmo para a aversão ao risco”?
Beto, tudo certinho por aqui! Se não me engano, você tem um blog. Estou certo? Olha, trate de aproveitar a super promoção do Dinheirama. Basta escrever uma frase, publicar no seu blog, incluir uma referência ao Dinheirama e me enviar um e-mail. Mais detalhes aqui. Sua dúvida é fundamental para o passo mais importante quando o objetivo é a independência financeira. Estabelecer limites, e respeitá-los, pode ser o grande diferencial nessa sua dedicada jornada pelo patrimônio ideal.
Por onde começar?
A notícia boa é que o responsável pelos seus limites é você. Só você. O importante é ter em mente que seus limites deverão ser sempre testados e a maneira mais fácil de começar é, deixe-me ver, começando. Sim, porque parado seu patrimônio permanecerá parado. Não dispôr de um limite para seus ganhos e perdas não o classifica como pessimista ou mau investidor, portanto pare de culpar seu estômago. No entanto, estabelecer estes limites demonstra que você está pronto para ganhar muito, ainda que para isso tenha que perder um pouco. Ah propósito, não há nenhuma notícia ruim. Espero que não.
Como já diria Pai rico, “perdedores acham que perder é algo ruim e por isso só apostam em coisas certas”. Por incrível que pareça, perdedores não possuem limites. A mentalidade dos perdedores simplesmente apaga o que pode dar errado e os coloca na direção do seguro e tranquilo. Como exigir que um perdedor saiba perder se ele nem sequer sabe competir? Só compete quem tem limite. E só vence quem desafia constantemente seus limites.
Estou confuso. Quero saber da minha grana, do meu patrimônio.
Façamos uma pequena pausa. Respire fundo. Sei que a esta altura você deve estar meio desanimado. Não fique assim. Se seu limite para ler o artigo já se esgotou, reflita um pouco mais sobre as palavras que estão nos parágrafos anteriores antes de prosseguir.
Tá legal, confesso que entendi alguma coisa sobre limites. Mas, de novo, o que isso tem a ver com meu dinheiro e meu patrimônio?
Felizmente, limites combinam muito bem com dinheiro. Sem eles você não sabe bem quanto pretende ganhar. Ah sim, não deve haver limite para o ganho certo? Errado! Quando se trata de investir seu dinheiro ou aplicá-lo, sempre haverá um momento importante para dar-lhe outro destino, seja ganhando ou perdendo. Confie em mim, é melhor ter a certeza de que você já ganhou 20% do que trabalhar com uma hipótese futura de ganhar 30% ou 40%.
Não entendi. Você manda tirar o dinheiro mesmo que as coisas estejam indo bem?
Qual era mesmo seu objetivo quando me escreveu? Aumentar seu patrimônio, estou certo? Pois bem, se você já tem 20% mais patrimônio, quer arriscar ganhar mais 10% mesmo que haja a possibilidade de perder outros 10%? Ou seja, você pode ir a 30%, mas pode acabar com 10% se algo der errado. Ah, agora mudou sua opinião não é mesmo? Assim que eu coloco o risco no meio do bolo, você foge. Limite, lembra?
O mercado financeiro, suas aplicações, seus imóveis e seus negócios sempre o colocarão diante de situações deste tipo. E o limite é decidir se quer vencer ou perder. O perdedor não sabe a hora de parar, portanto ele vai sentir-se satisfeito ainda que no final das contas ele termine com aqueles 10% da pior situação. Agora, se você é um vencedor e acha que correr o risco para chegar aos 30% é algo desnecessário, sai do jogo com 20%. Matematicamente, você tem duas vezes mais patrimônio que o perdedor. Mas dinheiro parado é prejuízo, portanto recomece a maratona investimento-limite aplicando-o novamente, agora em um negócio mais interessante.
Pense bem no que pretende fazer com seu dinheiro, mas antes de decidir dar-lhe alguma velocidade, estabeleça qual a sua relação com os limites que pretende usar. Quanto de seu patrimônio você estaria disposto a perder hoje, para vê-lo multiplicado por 2, 3, 5, 10 vezes daqui a 5, 10, 20 anos? Imagino que esteja agora se vendo como um vencedor, disposto a realmente deixar o estômago de lado e colocar a cabeça para pensar.
Costumo dizer que nosso patrimônio é um reflexo fiel de nossa capacidade de arriscá-lo. Se arriscamos pouco, é pequeno o risco de acontecer uma grande multiplicação. Se arriscamos demais, é grande a chance de uma perda irreparável. Por outro lado, se não arriscamos nada, nada acontece. O que fazer? Criar, respeitar e desafiar sempre seus limites. No final, o que vai separá-lo dos muitos que permaneceram inertes não serão os zeros a mais no saldo, mas a sua capacidade de usá-lo com sabedoria, impondo-lhes limites. Ou será que estou errado?