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Expresso Renda Fixa: O princípio do zangão na busca pela independência financeira

Procure cumprir pequenos objetivos. Não foque sua atenção em atingir R$ 1 milhão, mas, sim, nos primeiros R$ 10 mil

by Guilherme Cadonhotto
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Talvez você não saiba, mas este texto que você recebe semanalmente já não chega apenas a milhares de pessoas. Isso porque, recentemente, superamos a barreira de um milhão de assinantes cadastrados para receber as newsletters da Spiti.

E hoje, peço licença a você, que já alcançou a liberdade financeira, ou a você, que já está em uma situação financeira mais confortável, pois a mensagem desta semana é para aquelas pessoas que estão no início de suas respectivas jornadas profissionais ou de investimentos (como eu já estive anos atrás) e precisam apenas ouvir que mudar sua vida e a de sua família é, de fato, possível.

Em abril de 2010, a Nasa, a famosa agência espacial dos Estados Unidos, elaborou um fórum com estudantes de famílias em situação financeira desfavorável. A ideia era estimular os estudantes a sonharem alto e a entenderem que, apesar de suas condições, eles poderiam realizar feitos extraordinários.

Katherine Jonhson, mulher negra, matemática, física e cientista espacial, foi uma das primeiras a discursar para as crianças. Em sua época de escola, precisava se deslocar todos os dias para outra cidade, já que em sua terra natal não havia escolas para negros após a oitava série.

As contribuições de Johnson para a ciência espacial e física foram tão importantes e relevantes, que a BBC, uma das principais empresas de comunicação do planeta, escolhê-la como uma das cem mulheres mais influentes de todos os tempos.

Vale lembrar que ela entrou para a equipe da Nasa em 1953, enquanto os EUA acabaram com a segregação racial oficialmente apenas em 1964. Até essa data, certos espaços públicos e privados, como hospitais, escolas e até cemitérios, tinham direcionamento em relação ao uso apenas para brancos ou negros.

Entre as contribuições de Johnson, podemos citar o cálculo da trajetória de voo de Alan Shepard, que realizou a primeira viagem dos EUA e, claro, suas valiosas contribuições para o voo da Apollo 11, missão que enviou astronautas para a lua pela primeira vez.

Depois de Johnson, o físico Julian Earls, que trabalhou para a agência por 40 anos, falou para os estudantes.

Logo no início do discurso, Earls disse: “Você já ouviu uma antiga lei da física que diz que um zangão não pode voar? O princípio aerodinâmico afirma que a envergadura de suas asas é muito curta para sustentar seu corpo massivo em voo”.

Porém, ele logo emendou: “Mas um zangão não sabe disso. Ele nunca fez física. Ele simplesmente voa por aí e é isso que você precisa fazer”.

Uma das coisas mais importantes em nossa jornada profissional ou de investimentos é o direcionamento que recebemos ao darmos esse primeiro passo.

Muito mais do que simples números, precisamos entender que é possível chegar aonde almejamos e que esses sonhos, por mais inalcançáveis que pareçam hoje, podem vir a se materializar em algum momento.

Ao simplesmente fazer diversas simulações sobre o tamanho do patrimônio que você pode atingir, você pode acabar se frustrando com o tempo que vai levar para chegar lá.

Algumas pessoas fazem esse cálculo e se dão conta de que, no ritmo atual, levarão 40 anos ou mais para atingirem a liberdade financeira.

Acontece que muitos fatores imponderáveis acontecerão no meio desses anos em que você vai acumular patrimônio, e vários deles só serão possíveis graças ao caminho que você trilhará.

Isso aconteceu comigo, e eu vou explicar rapidamente.

O dinheiro, de fato, é um facilitador, e desde que comecei a trabalhar no mercado financeiro, comecei a poupar e investir ao menos R$ 50 por mês.

Pode parecer pouco, mas esse aporte mensal possibilitou, depois de alguns anos, que eu conseguisse contratar um professor particular de inglês que me desse aulas no horário de almoço do trabalho.

Os aportes foram aumentando conforme minha remuneração também seguia o mesmo caminho, e o valor acumulado até o fim da minha faculdade me deu a possibilidade de arcar com os custos de moradia estudantil em Portugal, quando fui convidado para cursar uma parte do curso numa universidade de lá.

Ao longo do tempo, sempre mantive meu custo de vida relativamente baixo em relação à minha remuneração, o que me possibilitou aumentar os aportes ao longo do tempo conforme meus ganhos com o trabalho aumentavam.

Depois de quase uma década, surgiu uma oportunidade que deve aparecer poucas vezes na vida de uma pessoa. Porém, se você estiver preparado ou preparada, pode mudar seu patamar financeiro.

Um amigo precisava vender seu apartamento a toque de caixa e a melhor oferta que havia recebido era menos da metade do valor justo do imóvel.

Com alguns esforços, me desfiz de uma boa parte de minhas economias e consegui adquirir o apartamento com a ajuda de um outro amigo.

Para alguns, essa oportunidade é pura sorte, mas eu não vejo dessa forma. Foram quase dez anos poupando e investindo para que eu pudesse de alguma maneira aproveitar a “sorte” que passou à minha frente.

Portanto, para você que não enxerga a possibilidade de como pode melhorar de vida, vai um pouco de minha experiência pessoal.

Procure cumprir pequenos objetivos. Não foque sua atenção em atingir R$ 1 milhão, mas, sim, nos primeiros R$ 10 mil.

Esses R$ 10 mil vão abrir oportunidades de cursos, educação e aperfeiçoamento, aos quais você não tinha acesso até então.

Com a educação que os R$ 10 mil podem proporcionar a você, muito provavelmente em algum tempo sua remuneração também vai subir, e dar a possibilidade de fazer aportes recorrentes mais altos. Isso abrirá espaço para novas oportunidades que até então pareciam inalcançáveis para você.

Portanto, enquanto você não consegue viabilizar um caminho razoável para mudar seu patamar financeiro e o de sua família, lembre-se da frase de Julian Earls:

“Todo princípio aerodinâmico afirma que a envergadura das asas de um zangão é muito curta para sustentar seu corpo massivo em voo, mas ele não sabe disso. Ele simplesmente voa por aí, e é isso que você precisa fazer.”

Abraços,

Guilherme Cadonhotto

Especialista em renda fixa e estrategista-chefe da Spiti. Técnico em Administração de Empresas e bacharel em Economia, atuou na mesa de operações como trader de renda fixa na SulAmérica Investimentos e como analista de investimentos na asset da Porto Seguro.,

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