As ações do GPA (PCAR3) desabaram mais de 11% na manhã desta segunda-feira, após o varejista comunicar na véspera que começou trabalhos preliminares para uma potencial oferta primária de papéis da companhia da ordem de 1 bilhão de reais, bem como propôs uma nova formação para o conselho de administração.
“Caso a potencial oferta seja efetivada, os recursos obtidos serão empregados na redução do endividamento da companhia”, afirmou o GPA, que engajou Itaú BBA e BTG Pactual para analisar a viabilidade e os termos da potencial transação e BR Partners como assessor financeiro.
Dado o tamanho da potencial oferta e o valor de mercado do GPA, de 1,17 bilhão de reais, a eventual efetivação da mesma representaria uma diluição de cerca de 50% aos acionistas que não acompanharem o follow-on, incluindo o francês Casino, controlador do GPA com uma participação de 40,9%.
Por volta das 10:20, os papéis da companhia recuavam 7,62%, a 4 reais, enquanto o Ibovespa cedia 0,31%. Na mínima até o momento, chegaram a 3,84 reais, declínio de 11,32%. As ações vinham de quatro altas seguidas, período em que acumularam elevação de 13%.
Na semana passada, o varejista realizou evento com analistas e investidores, no qual reforçou compromisso de reduzir o seu nível de endividamento. Na ocasião, o presidente-executivo, Marcelo Pimentel, disse que rumores sobre a companhia se transformar em uma corporation (empresa sem controlador definido) eram “especulação”.
Na visão de analistas do Bradesco BBI, a necessidade de uma oferta primária mostra que o atual plano de recuperação do GPA não é suficiente para equilibrar a sua estrutura de capital.
“O crescimento das receitas tem mostrado sinais de recuperação, mas o ritmo de melhoria da margem Ebitda não ajustada ainda não é suficiente para gerar caixa, excluindo a monetização de ativos não essenciais”, reiteraram Felipe Cassimiro e equipe em relatório nesta segunda-feira.
Os analistas do Bradesco BBI também avaliam ser improvável que o Casino siga a oferta primária, lembrando que o grupo, está em meio a um plano de recuperação e mudança na estrutura acionária controladora e revelou mais cedo neste ano intenção de vender os ativos sul-americanos, incluindo o GPA.
No entanto, a equipe do Bradesco BBI também destacou a potencial diluição de aproximadamente 50% para os acionistas.
Para o analista do Safra Vitor Pini, a notícia é positiva do lado do balanço, pois reduziria drasticamente o endividamento da empresa. “Contudo, a diluição resultaria na redução do nosso preço-alvo para 4,1 reais por ação, dos atuais 4,5 reais por ação”, afirmaram em relatório enviado a clientes.
Pini considera nessa estimativa o piso da meta de margem Ebitda para o próximo ano de 8% a 9% divulgada pelo GPA na semana passada. No caso da companhia conseguir o topo do ‘guidance, o preço-alvo pós-oferta seria de 6,8 reais.
Tanto o Safra como o Bradesco têm recomendação “neutra” para os papéis do GPA. No caso do Bradesco, o preço-alvo atual também é 4,5 reais.