Olá, leitores!
Bem-vindos a primeira publicação do Mercado 360º!
Para começarmos a nossa jornada, pensando no leitor que não está atualizado, vou começar hoje com um resumo sobre de onde viemos e para onde vamos no mercado no que ainda resta de 2023.
De onde viemos?
Em um mundo com um desafio claro e unificado de combate à inflação, o ano de 2023 começou com os países divididos em dois principais grupos: o dos países em desenvolvimento que começaram o aumento da taxa de juros mais cedo; e dos países desenvolvidos que iniciaram mais tardiamente esse processo.
Nos países desenvolvidos, em especial nos EUA, o processo de aperto monetário, apesar de caracterizar um aperto muito duro sendo a maior taxa dos últimos 22 anos, não foi suficiente para impactar o mercado de trabalho e conter o processo inflacionário, mas causou um impacto no mercado financeiro e a falência de quatro bancos norte-americanos.
Na Europa, o cenário não foi muito diferente. Em vez de ocasionar a falência de bancos de porte médio como ocorrido nos EUA vimos a derrocada de uma instituição centenária.
Com mais de 160 anos, o Credit Suisse foi mais uma vitima da elevação de juros necessária para conter o dragão da inflação, o que deixou o mundo preocupado com um possível efeito em cascata na economia global. Entretanto, vale lembrar que se há algo que os suíços fazem bem além de chocolate é banco e, para salvá-lo, foi negociada alinhavada a compra dele pelo UBS, estancando assim a crise de maneira ágil e evitando, assim, a contaminação da economia global.
Olhando ainda para o exterior estamos vivendo o maior conflito bélico entre dois países da Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial. Rússia e Ucrânia estão em guerra e os impactos são sentidos nos preços das commodities agrícolas e no petróleo.
No Brasil, o 2023 começou bastante agitado. Testemunhamos uma guerra explícita entre Governo e Banco Central para que o Copom reduzisse a taxa de juros, cogitando inclusive levar ao Congresso uma pauta para retirar a independência do Banco Central.
Enquanto isso, na economia real acontecia a falência da Americanas, segunda maior varejista do Brasil, após uma fraude contábil de R$ 40 bilhões de reais trazendo muita instabilidade para o mercado de crédito que já vinha restritivo em função da Selic a 13,75%. Ainda no mercado de crédito tivemos o pedido de recuperação judicial da Light e mais algumas como da Marisa (AMAR3) e Tok&Stok.
Para onde vamos?
Até maio, o ano vinha sendo duro para os ativos de risco no mercado, mas desde então vimos uma perspectiva de que o processo inflacionário no Brasil está mais próximo de ser ancorado. Isso abriu as portas para o início do ciclo de corte de juros ocorrido na reunião do Copom de agosto. A queda de 0,50 ponto percentual trouxe a Selic para 13,25% a.a.
Foi aberta uma nova perspectiva para a bolsa e fundos imobiliários e a pavimentação da pista para um melhor desempenho da bolsa no segundo semestre.
Olhando a renda fixa, apesar da queda evidente da Selic afrente, o elevado nível dos spreads ainda existentes abre uma oportunidade de carrego nos ativos em patamares similares ao do momento da pandemia, em função da contaminação dos preços dos ativos ocorrido no primeiro semestre de 2023.
No exterior, apesar da dificuldade de controlar a inflação, acho interessante trazer uma frase dita por Warren Buffett em 2021: “nunca aposte contra os EUA”.
A frase do Mago de Omaha deixa claro que precisamos sempre estar alocados nos EUA. E parece que o mundo concorda com isso, pois mesmo com toda a tentativa de desaquecer a economia, o S&P500 continua consistente e forte.
Olhando para o futuro, o Federal Reserve vem dando sinais que pode ter encerra do seu ciclo de alta da taxa de juros. Alguns dados ajudaram a corroborar essa sinalização, como o claro desaquecimento do mercado manufatureiro global. Isso abriria a janela necessária para quem sabe uma queda de juros na principal economia do mundo.
Victor Oliveira
Head de alocação da Gestora Grão – Victor foi sócio do Banco modal onde foi head da plataforma de distribuição de fundos do Banco Digital modalmais tendo sido responsável por toda a construção da plataforma de fundos e também de previdência, é formado em Economia pelo IBMEC – RJ. Começou sua carreira no próprio Banco Modal no ano de 2012 no Wealth onde assumiu a gestão dos fundos exclusivos tendo passagem também pela Modal Asset