Os contratos em aberto no mercado de opções de Copom mostraram uma forte queda na probabilidade de um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, de 86,0% para 28,2%, na próxima reunião de 8 de maio, mostram dados da Equus Capital.
Os dados são parte do Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), que utiliza a Inteligência Artificial (I.A) para estimar a probabilidade indicada pelo mercado de alteração para a próxima reunião.
“Esse realinhamento decorre de dois fatores principais: dados econômicos robustos dos EUA, que sinalizam que o Federal Reserve pode não cortar juros no curto prazo, e o aumento das incertezas fiscais no Brasil, após o governo revisar para baixo a meta de resultado primário para os próximos anos”, afirma Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.
Selic terminal mais alta
Analistas consultados pelo Banco Central no relatório Focus passaram a ver menos afrouxamento monetário este ano e no próximo, embora tenham mantido a perspectiva de novo corte de 0,5 p.p. taxa básica de juros Selic na próxima reunião.
A pesquisa Focus divulgada pelo BC nesta terça-feira mostra que a estimativa para a Selic ao final de 2024 subiu a 9,50%, de 9,13% na mediana das projeções antes. Para 2025, a projeção foi a 9,0%, depois de 19 semanas em 8,50%.
O banco JPMorgan passou a prever nesta semana que a Selic terminará este ano em 10%, ante projeção anterior de 9,5%, antecipando três cortes consecutivos de 0,25 ponto percentual cada na taxa básica de juros a partir de maio.
A economista-chefe para Brasil do JPMorgan, Cassiana Fernandez, e o economista Vinicius Moreira destacaram que o aperto das condições financeiras globais e a redução da meta fiscal do país para 2025 alteram provavelmente a avaliação do balanço de riscos do BC para a inflação.
“De fato, muitos membros do Copom parecem ter reconhecido essa possibilidade, abrindo a porta para romper o forward guidance dado na última reunião de um corte de 0,50 p.p. na reunião seguinte”, disseram. “Nesse contexto, agora achamos que o Copom fará um corte de 0,25 p.p. na reunião de maio, em duas semanas.”
Eles destacaram que o câmbio e as expectativas de inflação são os principais canais pelos quais os eventos recentes afetam os cenários do BC, ponderando que o ciclo de política monetária ainda dependerá fortemente de outras variáveis, como pressões inflacionárias domésticas e o crescimento do PIB.