A Minerva (BEEF3) não conseguirá pagar lucros aos seus acionistas no médio prazo em decorrência do crescimento de sua alavancagem após a compra dos ativos de abate da Marfrig (MRFG3) por R$ 7,5 bilhões, vê o BB Investimentos em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (30).
A investida no setor tornará a Minerva a maior empresa especializada em bovinos na América do Sul, com uma capacidade de abate que aumentará em 44%, para 42,4 mil cabeças de gado por dia, além do abate de 25,7 mil cordeiros/dia, considerando as operações na Austrália e a aquisição da planta de ovinos no Chile, explica o banco.
“Adotando as premissas de receita e Ebitda que a empresa estimou para as operações adquiridas e incorporando em nossas estimativas para os resultados de 2024, chegamos a uma alavancagem projetada de 3,1 vezes a dívida líquida/EBITDA para o
próximo ano, que é um patamar mais alto do que a Minerva tem operado nos últimos anos, mais próximo de 2,5 vezes”, ressaltam as analistas Mary Silva e Melina Constantino.
A tendência pode ser revertida com a capacidade de execução da empresa e o ciclo pecuário favorável, que deve continuar contribuindo para a redução de custos e ampliação de margens nos próximos trimestres, beneficiando a geração de caixa, além das possíveis sinergias operacionais que virão da nova companhia.
Ainda assim, como a política de dividendos continuará válida, a intenção de pagar 50% do lucro líquido distribuível quando a alavancagem for menor ou igual a 2,5 vezes ficará “impraticável” no médio prazo, avaliam Silva e Constantino.