Oferecer um prêmio de 6,4% (R$ 5,35 por ação) aos minoritários para retirar da Bolsa uma Cielo (CIEL3) que acaba de bater as estimativas do mercado em seu balanço do quarto trimestre parece uma jogada injusta por parte dos controladores Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3).
O BB passaria de 28,65% de participação para 49,99%, enquanto o Bradesco sairia de 30,06% para deter o restante.
O negócio acontece em um momento em que muitos analistas apontam as ações como mal avaliadas pelo mercado, principalmente tendo em vista a participação de 70% que a Cielo possui na Cateno, que possui os direitos de receber as taxas de intercâmbio do BB pelas próximas décadas.
“É um negócio que deveria ter prêmio em relação à adquirência”, explica a Ativa Research. Ainda assim, a Cielo negocia a múltiplos inferiores aos seus pares em Bolsa, como Stone (STOC31) e PagSeguro (PAGS34).
Desempenho das ações da Cielo nos últimos 12 meses
Os analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios do Santanter observaram que o prêmio de 6% é “pequeno”.
Isso, segundo eles, poderia levar os minoritários a solicitarem laudo de avaliação independente e, portanto, alongar o processo – estendendo-o por meses.
Oportunidade com reavaliação
“É mais uma empresa saindo da bolsa e deixando um rastro de perdas para os investidores”, diz Bruce Barbosa, analista da Nord Research.
Segundo ele, ações estão baratas demais e o prêmio sobre o fechamento de segunda-feira, 5, é baixo demais
“Pode haver grande oportunidade comprando CIEL3 e apostando que Bradesco e BB aumentarão a oferta”, alerta Barbosa.
Barbosa lembra que hoje o lucro da Cielo é um pouco maior do que na época de seu IPO em 2009, mas a empresa vale a metade na bolsa.