Nos últimos 15 anos, o mercado de ações dos Estados Unidos tem testemunhado uma recuperação notável, superando significativamente seus pares globais. Contudo, analistas como Lisa Shalett, do Morgan Stanley, sugerem que a dinâmica está mudando, e as ações não americanas podem desempenhar um papel mais proeminente nas carteiras dos investidores nos próximos anos.
De acordo com Shalett, a valorização exponencial das ações americanas contrasta com as oportunidades encontradas em outros mercados ao redor do mundo. Em 2009, o índice S&P 500 (SPXUSD) estava em níveis historicamente baixos, mas desde então cresceu mais de sete vezes.
“Após a crise financeira de 2007-08, enquanto outras regiões enfrentavam dificuldades, os EUA recuperaram rapidamente devido a estímulos governamentais extraordinários. Depois veio a pandemia e a crise bancária regional de 2023, que estimulou ainda mais estímulos”, lembra a analista em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (28).
Entretanto, Shalett observa que as ações dos EUA representam uma fatia desproporcional do mercado global, com 63% da capitalização de mercado do índice MSCI ACWI, contrastando com a participação dos EUA no PIB mundial, que é de apenas 24%.
O Morgan Stanley sugere uma mudança de perspectiva, incentivando os investidores a considerarem ativos internacionais como uma forma de proteger suas carteiras em meio a uma potencial retração do mercado americano. Comparativamente, as avaliações e os rendimentos de dividendos das ações não americanas oferecem oportunidades atraentes.
O Japão emerge como uma opção viável, com reformas governamentais impulsionando melhorias econômicas e retornos para os acionistas. Na Europa, a flexibilização da política monetária e investimentos significativos em defesa e tecnologia prometem catalisar o crescimento econômico.
Além disso, o Morgan Stanley destaca os mercados emergentes selecionados, incluindo Brasil, Índia, México e Vietnã, como áreas de interesse para investimentos. Apesar dos desafios, políticas fiscais construtivas e esforços para reorganizar as cadeias de abastecimento global podem sustentar o crescimento econômico nessas regiões.
“Considere moderar qualquer sobreexposição extrema a ações dos EUA na sua carteira e adicionar alguma exposição ao Japão, Europa e mercados emergentes, incluindo Brasil, Índia, México e Vietnã”, conclui o banco.