O BTG Pactual fez alteração de recomendação da Vale (VALE3) de compra para neutro, com um novo preço-alvo de R$ 77 em “mea culpa” sobre uma visão positiva, mostra um relatório enviado a clientes nesta terça-feira (5).
Com isso, o potencial de valorização está em aproximadamente 16%.
“Embora ainda consideremos as ações subvalorizadas, elas agora parecem mais uma armadilha de valor (value trap) do que uma oportunidade atraente. Preferimos adotar uma postura cautelosa e aguardar a resolução de pendências e incertezas políticas antes de restabelecer nosso viés historicamente positivo”, apontam os analistas Bruno Lima, Caio Greiner e Leonardo Correa.
Segundo eles, a Vale tem enfrentado um intenso ruído nas últimas semanas, que aumentou recentemente em meio às discussões do Conselho sobre quem será o próximo CEO da empresa.
“No entanto, dado o nível de consumo de caixa via provisões (por exemplo, Brumadinho, Samarco), nosso principal desafio nas discussões recentes com investidores tem sido provar que a empresa é realmente barata” diz BTG Pactual.
Desempenho da Vale em 12 meses
A Vale passou por uma série de bloqueios operacionais no estado do Pará (Sossego e Onça Puma/já revertidas), indicando uma mágoa profunda das autoridades locais em relação à empresa.
“Para ser justo, a Vale tem estado sujeita a muito ruído e pressão política ultimamente, o que acreditamos ser injusto e claramente excessivo”, reitera o BTG.
Minério de ferro
O BTG espera muito pouco crescimento da oferta de minério de ferro nos próximos anos, o que deverá continuar a sustentar os preços próximos aos níveis atuais.
“Em um texto de mea culpa tão difícil, precisamos ser justos: o minério de ferro não tem sido uma grande desilusão há anos, e a nossa visão mais construtiva aqui provou ser correta (até agora)”, avaliam os analistas.
O BTG ainda prevê um déficit no mercado transoceânico de 30 milhões de toneladas em 2024 e uma produção de aço na China oscilando em torno de 1 bilhão de toneladas pelo quinto ano consecutivo.