A Casas Bahia (BHIA3) está focada em seu processo de transformação e reestruturação, mas os resultados positivos ainda são incertos, aponta o banco Santander em um relatório com um novo preço-alvo de R$ 7 para as ações da varejista.
Apesar do potencial de valorização de 23%, a recomendação foi definida em “manutenção”.
A avaliação reflete uma visão cautelosa sobre as perspectivas de recuperação da Casas Bahia, dado os riscos persistentes de recuperação e alavancagem financeira.
O mercado ainda espera uma confirmação mais tangível de um ponto de inflexão operacional antes de considerar uma mudança na perspectiva das ações.
Turnaround da Casas Bahia
No decorrer de 2023, sob a nova liderança iniciada em agosto, a Casas Bahia empreendeu um significativo plano de redução de custos que incluiu o fechamento de 49 lojas e a desativação de 10 centros de distribuição. Essas ações visam uma estrutura mais enxuta e eficiente, focada na rentabilidade e na geração de caixa.
“Desde a posse da nova administração, a Casas Bahia prioriza a rentabilidade e a geração de caixa”, destacam Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, refletindo sobre os esforços da empresa para retornar a uma trajetória de crescimento sustentável.
Além disso, a empresa redirecionou seu foco para as categorias de produtos de bens duráveis, alterando mais de 20 categorias de produtos de 1P (primeira pessoa, nas lojas) para 3P (terceira pessoa, nos marketplaces), uma mudança estratégica para mitigar riscos e focar em segmentos mais lucrativos. Esta abordagem é uma tentativa de adaptar-se às condições de mercado e melhorar a eficiência operacional.
Dívidas
No entanto, os analistas do Santander preveem que 2024 será um ano desafiador para a Casas Bahia, com um “caminho difícil” pela frente devido às persistentes pressões financeiras. A dívida líquida da empresa é estimada em R$ 4,5 bilhões para 2024, incluindo acordos de financiamento com fornecedores, sugerindo uma pressão contínua sobre os resultados financeiros da empresa.
“Acreditamos que o reescalonamento da dívida concluído em março de 2024 oferece mais tempo para o início do turnaround da empresa”, afirmam os analistas. Eles projetam uma melhoria no Ebitda para o ano seguinte, mas ainda esperam um forte prejuízo líquido e consumo de caixa em 2024, justificando a manutenção da recomendação de cautela.
Os analistas também apontam para os desafios adicionais que a Casas Bahia enfrentará, incluindo o ambiente volátil no setor de bens duráveis e os obstáculos na implementação do plano de recuperação. Isso reflete um cenário de riscos consideráveis que podem afetar a trajetória de recuperação da empresa.