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Como aprender a investir: 3 lições que mudaram minha vida

by Conrado Navarro
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Nunca tivemos tanto conteúdo sobre educação financeira à nossa disposição, não é mesmo? Como aprender a investir, no entanto, não é exatamente um aprendizado que depende tanto desse mar de informação sobre finanças pessoais e investimentos.

Não se trata de uma crítica ao excesso de conteúdo, mas ao fato de que nós atribuímos a ele muito mais responsabilidade do que deveríamos. Conteúdo e informação sempre serão importantes, mas as escolhas seguirão sendo individuais.

O que eu escuto com frequência é que “agora guardar dinheiro ficou muito mais fácil e posso aprender a investir quando quiser”. A ilusão do controle somada ao cada vez maior repertório de educação financeira nos coloca como alguém capaz de resolver a situação a qualquer momento. A realidade? Bem, você sabe que não é assim.

Como aprender a investir: 3 lições que mudaram minha vida

Interpretar e transformar o conteúdo a que temos contato em prática não é simples e depende tanto de atitude, interesse quanto de capacidade e formação. Eu sei que ainda temos um longo caminho a percorrer neste sentido, então para não ficar divagando sobre isso, melhor falar do que eu consegui fazer e testar.

Em 2020, completarei 20 anos investindo no mercado financeiro. Sinto-me muito como uma frase famosa de Nassim Taleb: “São 5 anos aprendendo a ganhar dinheiro e 15 aprendendo a não perder”. Permita-me compartilhar algumas lições simples (porém profundas) que mudaram a minha vida.

Lição 1: Mais prática que expectativa

Vivemos tempos cada vez mais interessantes, mas carregados de apelos de todos os lados. A possibilidade de se conectar com tanta gente ao mesmo tempo nos deixa mais ansiosos; e acompanhar suas vidas de maneira praticamente instantânea eleva nossas expectativas.

O “guru que você precisa” está a poucos cliques do mouse ou rolar dos dedos no celular. A mensagem que fala “exatamente o que você precisa ouvir” pode ser facilmente encontrada nas redes sociais.

Sem perceber, você passa mais tempo preocupado com o que você não tem (e não faz) do que com o que você já conseguiu (e fez). Analisando o mundo financeiro, temos passado muito tempo consumindo conteúdo sobre como aprender a investir, mas sem começar a guardar de fato.

“Comece com o que você tem agora”. Eu ouvi isso cedo e, para minha felicidade, tentei seguir o conselho. Comprei ações de empresas no mercado fracionário, entrei e sai de diferentes fundos de investimento e comecei uma previdência complementar na primeira oportunidade possível, ainda com 20 anos.

Não se engane ou pense que isso faz de mim alguém diferente. Não se trata de virtude, mas escolhas. As quantias guardadas eram modestas e o foco era mesmo tentar fazer algum investimento (e aprender fazendo) do que esperar que alguma coisa mudasse por simples capricho.

Com o hábito, ficou mais fácil investir, mas não menos desafiador lidar com realidade de investimentos. Mudança de cenários, escolha das empresas, carteira de investimentos, como diversificar, abrir ou não negócio próprio, risco, tudo isso segue relevante. Mas quando você já começou, a motivação é diferente.

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Lição 2: Mais networking que leitura

A leitura segue uma trajetória semelhante à da expectativa, embora tenha aspectos positivos muito interessantes e efeitos colaterais valiosos. O ponto é não se deixar levar pela cada vez mais presente simplificação de conceitos, como se resultados incríveis fossem apenas uma questão de “seguir uma receita”.

Como aprender a investir é uma parte essencial de uma jornada que deverá acompanhá-lo para o resto de sua vida. As biografias de grandes investidores mostram isso com clareza, mas muitas obras comerciais baseadas nelas fazem parecer fácil se tornar uma nova e atualizada versão deles.

Se fosse tão fácil repetir as lições de livros de investimentos, por que alguém trabalharia no mercado financeiro, por exemplo? Ou em qualquer outra coisa? A retórica polêmica destas perguntas serve para provocá-lo a pensar mais em relacionamentos que lições – e isso inclui ler esse próprio texto com muito cuidado.

Leia bastante, isso é importante, mas procure conhecer pessoas capazes de compartilhar histórias reais sobre escolhas, consequências e aprendizados envolvendo finanças pessoais e investimentos.

Encontros e networking neste sentido oferecerão uma visão mais prática e menos “glamourizada” sobre como as coisas realmente acontecem na vida real. Uma pessoa sincera sempre contará a verdade sobre sua história, mas isso nem sempre estará nos livros sobre ela (ou que ela escreveria). Por quê? Porque ninguém iria quer comprá-los.

Imagine uma livraria com títulos como “Fique rico em 20 anos (ou mais): isso se você fizer as coisas direito” ou “Você não vai ganhar dinheiro investindo, mas trabalhando muito” e por aí vai. Pois é, as vendas seriam um desastre. Em um café, você pode falar sobre tudo isso. Nas suas leituras, não será tão fácil achar capítulos honestos assim.

Lição 3: Mais interpretação que redes sociais

Se por um lado a leitura deve ser feita de mais cuidadosa, ela precisa ser frequente e cada vez mais incentivada. Existem excelentes livros, repletos de boas sugestões, histórias e ideias – e até mesmo as ideias têm consequências, como temos aprendido com a realidade atual do Brasil e do mundo.

Eu disse que pode ser um pouco mais difícil do que você pensa encontrar, em um livro, várias dicas realmente práticas sobre como aprender a investir. Achá-las nas redes sociais é ainda mais complicado, por mais paradoxal que isso possa parecer.

O mundo totalmente conectado permite que amigos sejam a voz de amigos através de vídeos no Youtube ou postagens em seus perfis. Compartilhar o que você tem feito, como tem feito e que resultados tem alcançado nunca foi tão fácil. Verdade. Mas mentir também nunca deu resultados tão “interessantes” e vantajosos.

Popularidade. Alcance. Autoridade. Convites para eventos. Publicidade. Reconhecimento público. Uma mensagem de conteúdo duvidoso (ou mesmo impreciso, errado) pode alcançar e impactar milhões de pessoas em pouco tempo. Comentei mais sobre isso nos conselhos de educação financeira que recebi.

O efeito viral de uma falsa história virtual de sucesso nos investimentos pode arruinar centenas, milhares de vidas. De forma real e duradoura. Você deve ser mais cuidadoso com o conteúdo que consome, o que significa aprender a interpretá-lo e validá-lo antes de simplesmente tentar replicá-lo.

Conclusão

O principal convite deste texto é direto e objetivo: viva o mais próximo da realidade possível. Isso não significa deixar de sonhar ou querer crescer na vida, o que quer que isso signifique pra você, mas saber que o caminho requer escolhas, trabalho, bons relacionamentos e responsabilidade, não mágica e ressentimento.

Foto: Pexels.

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