O mercado está se antecipando às quedas dos juros e precificando as ações para um novo cenário de queda da Selic, que pode começar, na prática, a partir do dia 2 de agosto, o último dia da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
Alguns papéis, contudo, ainda têm espaço para subir, alerta o Bank of America Merrill Lynch em um relatório enviado a clientes.
Ações com correlações às taxas que superam o Ibovespa (setor de shoppings está atrasado)
Shoppings
Para os analistas, os shoppings continuam a ser a escolha preferida no esperado ciclo de flexibilização do Brasil.
“Os shoppings estão ficando para trás de outros proxies de títulos no rali das taxas, com baixo desempenho em serviços públicos e transportes. Em nossa opinião, os investidores podem estar negligenciando o setor”, escreveram.
Segundo eles, os ativos estão com um desconto, possuem baixo risco de decepção nos resultados financeiros e possuem maior correlação com as taxas.
“Além disso, os estrategistas do BofA acham que as taxas reais de longo prazo podem cair ainda mais, proporcionando uma vantagem adicional às avaliações”, ponderam. A história sugere que as taxas reais podem cair mais 50 pontos-base, calcula o BofA.
Os shoppings tiveram um desempenho praticamente em linha com o IBOV desde março, em comparação com o desempenho histórico durante os ciclos de flexibilização. A Aliansce Sonae (ALSO3) é a principal escolha.
Serviços Públicos: seletivos
Neste setor, o BofA entende que os preços das ações estão equilibrados, seguindo o recente desempenho superior em relação a outros com correlação às taxas e ao Ibovespa.
Os analistas favorecem os nomes com prêmio de risco de ações acima da média, como a Eletrobras (ELET3), ou que possam oferecer potencial de aumento da taxa interna de retorno (TIR), como a Equatorial (EQTL3).
Transporte: pior risco-retorno
Após um forte desempenho superior, os analistas continuam a ver o setor como menos atrativo, tendo rebaixado a CCR (CCRO3) para desempenho abaixo da média (underperform) e a Ecorodovias (ECOR3) para neutra (Neutral) em maio.
A Rumo (RAIL3) continua a oferecer melhor recompensa de risco, com riscos de alta. Embora a Ecorodovias ofereça a maior TIR do setor, ela também traz riscos não desprezíveis de investimentos e lavancagem.
“Por fim, vemos riscos de alta na CCR sobre se ela reduz as ineficiências fiscais ao reduzir a dívida da holding (a TIR pode aumentar em até 2 pp)” apontam.