Os traders dos mercados de juros futuros do Brasil estão conservadores demais sobre a expectativa de queda da Selic em 2023, aponta o banco holandês ING.
Essa postura pode ser uma reação ao PIB acima do esperado no segundo trimestre de 2023. A economia avançou 0,9%, enquanto as expectativas eram de 0,3%.
“O preço de mercado de cerca de 155 pontos-base de flexibilização até o final do ano parece agora conservador”, aponta Chris Turner, chefe global de mercados da ING.
O relatório Focus do Banco Central está em linha com os operadores e projeta uma queda de 50 pontos-base em cada uma das reuniões de setembro, novembro e dezembro.
Os cortes levariam a Selic de 13,25% a 11,75% ao final do ano.
“Após o PIB do Brasil no segundo trimestre ter sido superior ao previsto, aumentam as preocupações sobre o potencial retrocesso do governo nos planos de consolidação fiscal”, aponta Turner.
Ele lembra, contudo, que as taxas do CDS (Credit Default Swap) do Brasil mudaram pouco.
Tendências para o dólar
Turner ressalta que as altas taxas reais do Real (em torno de 7% se usarmos a inflação atual) deverão gerar uma boa demanda pela moeda assim que as condições externas se estabilizarem.
“Os rendimentos mais elevados dos EUA e um dólar mais forte empurraram o câmbio para perto de R$ 5 e fizeram com que o mercado retirasse cerca de 25 pontos-base da flexibilização esperada este ano”, avalia.
O ING espera que o dólar volte ao nível de R$ 4,80 em um período de três meses.