O valor que os jovens dão ao consumismo e como eles fazem uso de marcas para se autoafirmarem junto à sociedade é sem dúvida muito preocupante.
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Quer seja o celular tal, a calça X, quer seja a roupa Y, a maquiagem milagrosa! A oferta de produtos é certamente absurda e dispara o desejo do “sempre quis um desse”, “isso é tudo que eu quero” ou “eu preciso muito disso”.
No entanto, os desejos são atendidos, a satisfação é momentânea e o ciclo de falsas necessidades reinicia.
Nesse sentido, o assunto é incômodo para alguns, inexistente para outros e necessário para todos nós, pais ou não.
De acordo com o pesquisador da UFMG Paulo César Pinho Ribeiro, essa é uma tendência entre os jovens.
Sem dúvida, há um consumo exagerado de tudo: dinheiro, imagem, roupas, perfumes, adornos, grifes, amor, sexo, bens de consumo e substâncias lícitas e ilícitas. Desse modo, o planeta em que vivemos está em crise.
De um lado, consumismo exagerado e avanços tecnológicos que nos surpreendem a cada dia. Por outro lado, há fome, miséria e desigualdade.
Assim, estamos em um mundo onde o ter é mais importante do que o ser. Neste mundo consumista, os adolescentes são o alvo mais fácil dessa escalada sem rumo, sendo hoje chamados de filhos do consumismo.
Educar contra o consumismo
Com toda a certeza, não é fácil educar um filho em um mundo cercado de valores superficiais.
Dessa maneira, precisamos estar centrados em nossa responsabilidade como pais e não podemos deixar que essa missão fique comprometida por conta da nossa vida agitada.
O cotidiano cada vez mais exigente entra em choque com o nosso compromisso de educar, assim os dias precisam ser vividos com sabedoria e olhar atento. O importante é ter essa consciência e fazer com que o tempo passado junto aos filhos tenha qualidade, para que eles cresçam bem, com saúde física e emocional.
São aspectos fundamentais dessa relação:
- Estabelecer de um diálogo sincero e próximo;
- Saber que o nosso exemplo vale mais que muitas palavras;
- Entender o que é ser adolescente nos dias de hoje;
- Dar carinho e limite na dose certa;
- Buscar entender a personalidade do seu filho, o que é importante para ele e como ele compreende o mundo;
- Desenvolver a confiança mútua e respeito pelo espaço de ambos;
- Ter atenção para não cair na armadilha de funcionar no automático e achar que tudo isso é normal, “moderno”.
Adolescentes e o consumismo
Quando as pesquisas apontam que os adolescentes estão muito voltados para o consumismo, precisamos nos perguntar o motivo para tantos desejos materiais. Alguns fatores são conhecidos dos pesquisadores
- Uso de marcas e bens eletrônicos para se sentirem parte da turma
- Uso de determinadas marcas para afirmação social
- Desejo de ser igual ao outro
- Carência emocional
- Consumo de cosméticos por parte das meninas para atenderem ao padrão de beleza ditado pela mídia etc.
O adolescente está na fase de construção de sua identidade e ainda não tem o aparato psíquico desenvolvido o suficiente para lidar com a avalanche de “necessidades impostas” pelo meio em que vive. Ele acredita que isso faz parte da vida e fará o possível para se encaixar nos padrões ditados por uma sociedade consumista e superficial.
Aqui é o ponto importante que eu gostaria de salientar. Sabemos que na adolescência os amigos passam a ter um lugar de destaque na vida dos filhos.
Nessa fase os valores assimilados em casa serão confrontados com os valores dos amigos. Nessa fase, a presença dos pais é tão importante quanto na infância.
Valores mais importantes que posses
Os ensinamentos sobre o valor da amizade, do respeito e da diversidade humana deverão se tornar mais profundos. É preciso levá-los ao encontro consigo e trazê-los para dentro de si, já que o mundo direciona muito para o externo. Ensinar o equilíbrio entre o ser natural, com suas necessidades de sobrevivência, de busca e do uso da matéria, e o ser espiritual, onde as aspirações são mais profundas e definitivas para sua evolução. O ser natural busca e o espiritual encontra!
É preciso assumir a responsabilidade de educar para que nossos jovens sejam consumidores conscientes e que saibam dar o valor para o essencial da vida. Precisamos estar atentos às necessidades afetivas dos filhos: entendê-las é um caminho para evitar que eles preencham as lacunas emocionais com compras.
Conclusão
Termino esse artigo com um texto do educador Celso Antunes, onde a aprendizagem é uma potente aliada na construção de dias mais leves:
“Da mesma forma como não se conquista o corpo malhado com o qual se sonha sem um programa de atividade marcado por regras de periodicidade e empenho, também não se combate a violência consumista dos nossos filhos sem um envolvimento em projetos onde os pais reservam um tempo para aprender a vencer esse inimigo e, depois, um tempo ainda mais gostoso para brincar e estar com eles. Isso estimula a inteligência e fortalece os afetos”.
O que você acha da discussão em torno do consumismo envolvendo jovens e adolescentes? Tem alguma história bacana para contar? Compartilhe-a conosco no espaço de comentários abaixo. Abraço e até a próxima.
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