A Hapvida (HAPV3) surpreendeu o mercado ontem à noite com o anúncio de um programa ambicioso de recompra de ações, visando adquirir até 200 milhões de ações no prazo de 18 meses. Este movimento estratégico, que representa cerca de R$ 690 milhões com base no preço de fechamento de quinta-feira (15), equivalendo a 2,7% do total de ações em circulação e 4,6% do free-float, foi recebido com entusiasmo pelos analistas da XP Investimentos.
Segundo Rafael Barros e Raphael Elage, analistas da XP, “o anúncio é positivo, uma vez que sinaliza que os acionistas relacionados (insiders) estão considerando a ação como subvalorizada”.
Segundo eles, esta percepção é vital, ao demonstrar a confiança interna na valorização da empresa e a expectativa é que o início do programa dissipe o ceticismo existente entre os investidores e injetar um novo ânimo nas negociações das ações da Hapvida.
Alocação de capital
O comunicado da empresa enfatiza a busca pela maximização do valor para o acionista e pelo gerenciamento da estrutura de capital, aspectos cruciais para o fortalecimento e crescimento sustentável da organização a longo prazo.
A confiança dos investidores é uma peça fundamental no mercado de capitais, e a Hapvida parece estar ciente disso.
A queda significativa de 22,5% no preço das ações desde o início do ano levantou preocupações e questionamentos sobre a capacidade da empresa de entregar resultados sólidos. No entanto, os analistas da XP Investimentos consideram a desvalorização como exagerada e acreditam que o programa de recompra pode ser o impulso necessário para recuperar a confiança perdida.
Desempenho das ações da Hapvida em 12 meses
Um aspecto importante a se considerar em qualquer programa de recompra é o impacto na alavancagem financeira. Conforme os cálculos da XP, o aumento previsto na alavancagem como resultado desse programa é modesto. Antes do anúncio, as previsões indicavam um índice de alavancagem em níveis gerenciáveis, e mesmo com a recompra de ações, o aumento projetado é considerado marginal pelos analistas.
Momento desconfortável
A Ativa Investimentos, contudo, analisa que o movimento é neutro para a Hapvida.
”Isso ocorre porque a empresa realiza esse movimento quase um ano após ter feito um follow on a um valor por ação inferior ao que está realizando o programa de recompra agora”, explica a corretora em um relatório enviado a clientes.
Eles lembram que, na época, a empresa necessitava de uma injeção de capital para melhorar sua alavancagem e cumprir com suas obrigações com os credores.
“Agora, quase um ano depois, embora mais confortável e em processo de crescimento da geração de caixa, ainda não consideramos a estrutura de capital confortável para realizar tal movimento”, avaliam.