A Marfrig (MRFG3) pode tentar o controle total da BRF (BRFS3) nos próximos 12 meses, avalia a Ágora Investimentos em um relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (27).
O aumento de participação vem acontecendo desde o início de 2021, mas tem se acelerado nos últimos meses. Na segunda-feira (25), a Marfrig anunciou que sua fatia pulou de 33% para 40%.
A composição acionária atual ficou assim: Marfrig com 40%, o fundo árabe Salic com 10,7%, Kapitalo Investimentos com 6,418% e 6,141 com o fundo de pensão Previ. Os demais 36% estão na B3 e 1% entre administradores ou em tesouraria.
O cenário provável em 12 meses, argumentam os analistas Leandro Fontanesi e José Ricardo Rosale, é uma ampliação a 50% para a Marfrig e a 25% para o Salic, com 25% aos minoritários.
Vale lembrar que há um compromisso da Salic em não superar o percentual de 25%. Ou seja, resta à Marfrig o papel de maior acionista, pontua a Ágora.
Ademais, a remoção da poison pill — ferramenta que obriga um acionista a lançar uma oferta aos acionistas para obter o controle — é outro fato que sugere a possibilidade de controle total da BRF pela Marfrig.
“Acreditamos que a Marfrig provavelmente atingirá 50% da BRF nos próximos 12 meses”, projetam Fontanesi e Rosale.
Apesar de estar enfrentando margens mais baixas no mercado de carne bovina nos Estados Unidos, que podem durar mais um ano, limitando seu fluxo de caixa, a Marfrig obteve um reforço de caixa de R$ 7,5 bilhões com sua venda de ativos recente para a Minerva (BEEF3).
“Estes dois fatos parecem fortes sinais de que o prazo poderá ser curto”, destacam os analistas, lembrando que o valor necessário para chegar a 50% de participação é de R$ 1,7 bilhão.
Fusão
Outra possibilidade que poderia acontecer nesta teia de participações cruzadas é a Salic liderar um processo de fusão, tendo em vista que já demonstrou o seu anseio de possuir uma presença mais forte em produtoras de proteínas.
Ela também é acionista da Minerva (BEEF3) desde 2016.
“A Salic investiu recentemente na BRF, não na Marfrig, e não está claro para nós que eles queiram aumentar a exposição ao segmento de carne bovina, visto que já são acionistas da Minerva. Esse raciocínio também nos faz pensar que uma venda de ativos da Marfrig (por exemplo, carne bovina) para a BRF é improvável”, destacam.
As potenciais sinergias de uma operação assim, contudo, podem argumentar a favor de uma fusão.
Ações
A caminhada para os 50% deverá funcionar como uma pressão positiva para as ações, diz a Ágora.
“Para a Marfrig, pode haver alguma cautela dos investidores quanto à alavancagem financeira, embora entendamos que a empresa tem tomado medidas para permitir um balanço saudável (por exemplo, venda de ativos)”, concluem os analistas.