A Natura (NTCO3), sem a The Body Shop (TBS), valeria mais na Bolsa do que com ela e com foco nas constultoras de sua marca principal e da Avon em vendas diretas, avaliam analistas da Ágora Investimentos e do Itaú BBA em relatórios enviados a clientes nesta quinta-feira (20).
As especulações sobre uma possível negociação da subsidiária, que teria um valor calculado em R$ 3,4 bilhões pelo Itaú BBA, cresceram após compra da Aesop pela L’Oreal por US$ 2,525 bilhões em abril.
Além disso, a The Body Shop pareceria ainda mas “escanteada” após a integração das forças de vendas da Natura e Avon, que passarão a usar o mesmo sistema de vendas a partir de meados de agosto. A TBS foi comprada por US$ 1,2 bilhões (aproximadamente R$ 4 bilhões) da L’Oreal em 2017.
“Durante a pandemia, a TBS se beneficiou do seu modelo multicanal, com o seu canal de comércio eletrênico e The Body Shop At Home registrando um crescimento significativo. No entanto, este crescimento não se sustentou com a reabertura do varejo físico, tendo a marca encerrado o ano passado com níveis de rentabilidade abaixo dos padrões históricos”, escreveu Thiago Macruz, do Itaú BBA.
Valor oculto
Segundo Macruz, a TBS é” uma marca de valor oculto que pode ser desbloqueada por outra empresa”. Nos cálculos de Felipe Cassimiro e Flávia Meireles, da Ágora, excluindo a TBS, o valor justo da NTCO3 poderia ser R$ 2 maior com melhores margens e retornos.
“Modelamo um cenário de +1 ponto percentual de margem Ebitda e +2,5% de ROE (Return on Equity) alcançado de forma conservadora até 2029, Além disso, uma simplificação de seus negócios, redução de complexidades e foco no negócio principal da Natura&Co (venda direta) podem ser bem recebidos pelo mercado”, analisam.
A Ágora aumentou o preço-alvo para as ações da Natura de R$ 16 para R$ 24, o que ainda deixaria a ação da brasileira com um desconto de 65% em relação aos seus pares globais quando considerado o múltiplo atual de 5,6 vezes o valor de mercado sobre o Ebitda (EV/ Ebitda) esperado para 2024.
Ainda assim, caso escolha pela permanência da TBS em sua estrutura, o Itaú BBA vê um potencial para que a subsidiária cresça em linha com seu mercado como um todo, com uma melhora na lucratividade devido a um possível alívio de pressões inflacionárias no Reino Unido, esforços de transformação focados no reequilíbrio e otimização dos canais pós-pandemia, como o anúncio do fechamento do negócio The Body Shop At Home nos EUA e seu centro de distribuição dedicado no Reino Unido, implementação de novo posicionamento de marca e revisão do conceito de loja.
O Itáu BBA também melhorou as suas projeções, passando de um valor justo para as ações de R$ 18 para o final de 2023 para R$ 21 ao final de 2024. Ambas as casas de análise recomendam a compra dos papéis