O Ibovespa (IBOV) terminou a quarta-feira (16) em baixa de 0,5%, aos 115.591 pontos, na 12ª queda consecutiva, a maior série desde 1980. O mercado teme continuidade do movimento de alta das taxas de juros nos EUA, conforme mostrou o comportamento do índice após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve.
Pouco antes da divulgação do documento, o Ibovespa ainda trabalhava no território positivo (+0,35), mas não se sustentou conforme Wall Street também enfraqueceu, em meio à avaliação de que o documento indicou risco de mais aperto monetário.
A ata, referente à decisão do Federal Reserve de elevar a taxa de juros para um intervalo entre 5,25% e 5,5% no final do mês passado, mostrou as autoridades divididas quanto à necessidade de mais aumentos, mas com “a maioria” considerando o combate à inflação como sua principal prioridade.
“Na nossa percepção, elucubrar hoje sobre uma Fed Fund Rate atingindo 6% é totalmente plausível, fato que era inimaginável até pouco tempo atrás. Em nosso cenário base, temos a expectativa de pelo menos mais uma alta de juros nos EUA e antevemos juros elevados por algum tempo”, apontam Dalton Gardimame e Maria Clara Negrão da Ágora Investimentos.
Sob uma visão da análise técnica, o analista Gilberto Coelho da XP Investimentos ressalta que o índice perdeu um importante suporte nos 115.700, favorecendo continuidade baixista mirando suportes entre 112 mil e 109.500 pontos.
“O sinal de alta, de curto prazo, seria retomado com um fechamento acima dos 117.350 com possível retomada das resistências em 119.500 ou 123.000 em topo recente. O IFR está em sobrevenda (menor que 30) e caso volte a fechar acima dos 30 favorecerá repiques de alta”, destaca.
É importante observar, lembra a Ágora, que embora ainda exista algumas indefinições locais, principalmente relacionadas ao fiscal e desafios no exterior, o Brasil está no início de um longo ciclo de queda da Selic.
“O orçamento de corte de juros deve ser da ordem de 400-450 pontos base. Nosso cenário base contempla uma Selic em 11,75% e 9,75% ao final de 2023 e 2024, respectivamente. Na nossa visão, a queda recente do Ibovespa seria uma oportunidade de compra”, projeta.
Uma pesquisa realizada com 162 assessores de investimentos da XP revela que 56% dos clientes da corretora acreditam que o Ibovespa terminará 2023 entre 120 mil e 130 mil pontos, enquanto outros 28% projetam uma alta entre 130 mil e 140 mil pontos. Apenas 7% projeta uma queda a 110 mil e 120 mil pontos e 3% acima de 140 mil pontos. Só 1% vê a quebra do patamar dos 100 mil pontos.